Santander corta projeção para o Ibovespa diante de expectativa de Selic mais alta

Revisão para baixo nas estimativas para 145.000 pontos vem diante de uma ‘nova era de forte crescimento e juros mais altos’ no Brasil e nos Estados Unidos, segundo relatório

O banco também optou por revisar suas principais apostas na bolsa brasileira para o restante do ano
20 de Maio, 2024 | 01:35 PM

Bloomberg Línea — Um contexto de maior crescimento econômico e taxas de juros mais altas nos Estados Unidos e no Brasil levou o Santander (SANB11) a revistar para baixo sua previsão para o Ibovespa (IBOV) ao fim do ano.

Em relatório divulgado nesta segunda-feira (20), o banco informou que cortou suas projeções de 160.000 (feitas em dezembro) para 145.000 pontos, o que implica potencial de alta (upside) de 13,15% em relação ao fechamento do pregão na sexta (17).

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Segundo a equipe de análise liderada pela estrategista-chefe Aline Cardoso, a revisão está relacionada aos juros de longo prazo mais elevados, o que pesa sobre os ativos de risco, como as ações.

O Santander estima agora uma Selic de 9,75% ao ano em dezembro (vs. 9,00% anteriormente) e de 9,00% ao fim de 2025 (ante 8,00%), reconhecendo que os riscos são para cima. A expectativa é de um corte de 0,25 ponto percentual em junho e de uma retomada das reduções apenas a partir de novembro.

Apostas de juros mais altos têm crescido nas últimas semanas. O relatório Focus, do Banco Central, revisou pela terceira semana consecutiva nesta segunda (20) suas estimativas a taxa básica em 2024.

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Os economistas consultados pela autoridade monetária estimam agora uma Selic de 10% ao ano em dezembro, acima dos 9,75% esperados na semana passada.

Leia mais: Gestor da Itaú Asset reduz risco e vê teto do Ibovespa a 140.000 pontos

A mudança está relacionada à política monetária restritiva dos Estados Unidos.

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O Santander projeta um “soft landing” para a economia americana, com desaceleração no mercado de trabalho e na inflação no segundo semestre permitindo cortes nas taxas no quarto trimestre. Mas a queda da inflação tem sido mais gradual do que o esperado e a atividade econômica se mantém resiliente.

Com isso, o Federal Reserve tem demonstrado que não terá pressa para iniciar um ciclo de corte de juros tão cedo. A mudança de cenário global força os bancos centrais mundo afora a revisarem sua estratégia, abandonando os cortes de juros ou até retomando um aperto monetário.

Por outro lado, o banco elevou as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e agora vê crescimento de 2% este ano, acima dos 1,8% esperados anteriormente, em meio a surpresas positivas no mercado de trabalho.

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Segundo o Santander, a inflação continua a desacelerar no Brasil e a dinâmica de preços deve melhorar nos próximos meses, principalmente devido à menor força do núcleo de serviços.

Principais apostas para 2024

A equipe de análise do Santander também optou por revisar suas principais apostas na bolsa brasileira para o restante do ano.

Os nomes preferidos incluem Totvs (TOTS3), Localiza (RENT3), Mercado Livre (MELI), Smartfit (SMFT3), Equatorial (EQTL3) e Raia Drogasil (RADL3).

Diante do cenário de maior volatilidade e de juros mais altos, o time de análise também ampliou as apostas em nomes mais defensivos. O relatório destaca o aumento de exposição na Vale (VALE3), por exemplo, empresa que tende a se beneficiar de uma melhora do cenário na China, segundo os analistas.

Com relação ao aumento da posição em Raia Drogasil, o banco destaca o momentum positivo de ganhos da companhia e a “execução sólida”.

Destaque ainda para a troca da exposição de Petrorio (PRIO3) para 3R Petroleum (RRRP3) devido ao processo de fusão com a Enauta (ENAT3).

Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.