Bloomberg — A bolsa tem potencial de subir até 100% até o final de 2026 no caso de uma transição política, que se somaria a outros fatores internos e externos que já dão sustentação ao mercado neste ano, diz Eduardo Morais, gestor de renda variável da Principal Asset Management.
“Em um cenário com alternância de poder, vejo um rali em 2025 e 2026 de 100% para a bolsa”, afirma Morais, em entrevista à Bloomberg News.
As apostas na eleição, entretanto, estão atualmente em “terceiro, quarto ou quinto” lugar entre os fatores que influenciam o mercado de ações, diz. A carteira da Principal ainda não está “totalmente aberta para o cenário mais positivo”, refletindo cautela, afirma.
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Ele considera que é cedo para fazer grandes apostas abertas, pois “o play eleitoral” depende de muitos fatores indefinidos, como o nome que receberá o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Os investidores, porém, não devem ficar alheios ao cenário político e vão com o tempo adicionar risco nas carteiras, caso um candidato comprometido com o equilíbrio fiscal se torne competitivo. “A cada sinal que você visualiza, você adiciona um pouco mais de risco.”
A popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva atingiu neste ano os menores níveis dos seus três mandatos, com o desgaste da alta da inflação ampliado por crises como a dos descontos irregulares do INSS. Com o ex-presidente Bolsonaro enfrentando julgamento por tentativa de golpe, governadores de direita se mostram competitivos nas pesquisas eleitorais. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é visto como um dos favoritos a empunhar na eleição uma plataforma com reformas e privatizações defendidas pelo mercado.
“Precisamos voltar a ter equilíbrio fiscal, voltar a uma trajetória de dívida consistente”, afirma o gestor da Principal, que administra R$ 7,9 bilhões no Brasil e US$ 718 bilhões globalmente. “Esta é a linha mestra que vai permitir um cenário positivo para os ativos de risco no Brasil.”
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O Ibovespa, que acumula alta de mais de 16% este ano e bateu recorde acima dos 140.000 pontos em maio, já vem sendo beneficiado pela proximidade do fim do ciclo de alta da Selic e a entrada de capital estrangeiro no país — impulsionado pela rotação de capital para fora dos Estados Unidos em razão da política de tarifas de Donald Trump.
Outro fator que favorece a recuperação da bolsa é o preço baixo das ações depois da liquidação sofrida pelos ativos brasileiros no final do ano passado, diante da preocupação com os riscos fiscais.
O Brasil continua com empresas resilientes, com valuation atrativo, afirma Morais. Os setores voltados ao mercado doméstico tendem a ser os mais beneficiados pela proximidade do fim do aperto monetário.
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O Banco Central ainda deve promover nova alta 0,25 ponto percentual nesta semana, levando a taxa para 15%, de acordo com André Carvalho, gestor de macro da Principal. Segundo Carvalho, pareceria “muito barulho por nada” o BC ter corrigido no início do mês a rota do mercado, que tinha abandonado as apostas em alta, e agora manter a Selic.
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