Payroll com atraso: EUA criaram 64 mil vagas em novembro, acima do esperado

Analistas projetavam a criação de 50.000 vagas, o que sugere uma economia ainda resiliente, no momento em que o Fed flexibiliza a política monetária com cortes de juros; desemprego sobe de 4,4% em outubro para 4,6% em novembro

Empleo
Por Mark Niquette
16 de Dezembro, 2025 | 11:03 AM

Bloomberg — As folhas de pagamento exceto o setor agrícola (nonfarm payrolls) apontaram para a criação líquida (contratações menos demissões) de 64.000 empregos em novembro na economia dos Estados Unidos, após uma queda de 105 mil em outubro, segundo dados do Bureau of Labor Statistics (BLS) divulgados nesta terça-feira (16).

O resultado, divulgado com atraso de mais de uma semana ainda como efeito da paralisação anterior do governo americano por razões orçamentárias, veio acima das expectativas dos analistas, que projetavam a criação de 50.000 vagas.

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A taxa de desemprego ficou em 4,6% no mês passado, acima dos 4,4% registrados em setembro. O BLS não divulgou a taxa de desemprego de outubro porque não conseguiu coletar retroativamente esses dados após a paralisação do governo.

A queda do emprego registrado nas folhas de pagamento em outubro — a maior desde o fim de 2020 — ocorreu devido a uma contração de 162 mil empregos no governo federal, já que trabalhadores que participaram do programa de desligamento diferido da administração Trump deixaram oficialmente a folha de pagamentos.

O avanço das folhas de pagamento em novembro, após o recuo de outubro, reforça a volatilidade observada no mercado de trabalho nos últimos meses.

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A taxa de desemprego, no entanto, seguiu em trajetória de alta, à medida que aumentaram os anúncios de demissões e muitos americanos fora do mercado tiveram dificuldade para conseguir novas vagas.

Embora os dados tragam ressalvas, o relatório ajudará a orientar as expectativas dos investidores sobre o caminho dos juros no próximo ano.

O Federal Reserve reduziu os juros pela terceira reunião consecutiva na semana passada para apoiar o que o presidente da instituição, Jerome Powell, chamou de um mercado de trabalho “em arrefecimento gradual”, com riscos negativos “significativos”.

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No entanto, a decisão e os materiais de projeção que a acompanharam mostraram divisões substanciais entre os dirigentes — não apenas na reunião da semana passada, mas também em relação à política monetária daqui para frente.

A projeção mediana dos dirigentes aponta para um corte de juros em 2026, enquanto os operadores apostam em dois.

Após a divulgação do relatório, os futuros das ações recuaram e os rendimentos dos Treasuries caíram. O dólar permaneceu mais fraco.

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O avanço do número de vagas em novembro foi impulsionado pelos setores de saúde e assistência social, além da construção.

Os empregos no setor privado aumentaram em 69.000 em novembro, após a criação de 52.000 vagas no mês anterior. O emprego caiu nos setores de transporte e armazenagem, bem como em lazer e hospitalidade.

O BLS cancelou o relatório de empregos de outubro e combinou os dados daquele mês com a divulgação de novembro devido à paralisação governamental recorde.

Embora não tenha sido possível realizar retroativamente a pesquisa domiciliar para apurar a taxa de desemprego de outubro, o número de folhas de pagamento é derivado de uma pesquisa separada com empresas, que muitas companhias reportam de forma independente pela internet.

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