Mubadala quer investir US$ 1 bi por ano no Brasil, diz presidente para o país

Braço de investimentos do fundo soberano de Abu Dhabi já alocou mais de US$ 5 bi no Brasil e acaba de fechar um 2º fundo para o país, diz Oscar Fahlgren à Bloomberg News

Oscar Fahlgren, presidente da Mubadala Capital no Brasil (Foto: Dado Galdieri/Bloomberg)
Por Mariana Durão - Peter Millard
10 de Outubro, 2023 | 12:29 PM

Bloomberg — A Mubadala Capital, braço de investimentos do fundo soberano de Abu Dhabi, está otimista com as perspectivas de crescimento do Brasil sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e planeja investir mais de US$ 1 bilhão (R$ 5 bilhões) por ano para expandir suas participações no país, que vão desde uma refinaria de petróleo até uma concessão rodoviária.

Mais de uma década depois de chegar para investir nos negócios de commodities do então bilionário Eike Batista, a Mubadala Capital já alocou mais de US$ 5 bilhões no país, disse Oscar Fahlgren, presidente da empresa de investimento no Brasil, em entrevista à Bloomberg News.

A escala e o potencial de retorno fazem do país o lugar mais atraente na América do Sul, disse.

“O PIB está crescendo mais do que o esperado e temos visto estabilidade política desde que a nova administração assumiu”, disse ele, por videoconferência. “O clima na comunidade internacional ficou mais favorável ao Brasil.”

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A empresa acaba de fechar um segundo fundo específico para Brasil, com mais de US$ 710 milhões, mais que o dobro do primeiro veículo de investimento, e deve começar a captar para um fundo maior ainda em 2024, disse Fahlgren.

A Mubadala Capital tem US$ 20 bilhões sob gestão, dos quais cerca de dois terços provêm de investidores externos, e continua a procurar investimentos oportunos em empresas de ativos “distressed”.

Os próximos passos poderão incluir empresas de varejo em dificuldades, o desenvolvimento de uma nova bolsa de valores para competir com a B3 ou mesmo a criação de uma nova liga de futebol no Brasil.

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A entrada dos Emirados Árabes Unidos nos Brics provavelmente aumentará os fluxos de capital entre os países membros, disse ele, acrescentando que a turbulência no resto do mundo torna o Brasil um destino de investimento ainda mais atraente.

A Mubadala Capital tem se concentrado em ativos “distressed” com múltiplos atraentes que podem ser reorganizados. Seu portfólio inclui uma concessão rodoviária no estado de São Paulo e a produtora de etanol Atvos, ambas adquiridas da Odebrecht após a Operação Lava Jato.

O grupo também é dono da Acelen, empresa que criou para operar a refinaria de Mataripe adquirida da Petrobras (PETR3, PETR4) durante o governo anterior, no nordeste da Bahia. A Mubadala Capital e a Petrobras assinaram recentemente um acordo para avaliar uma unidade de biodiesel e combustível para aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês) na refinaria.

A planta poderia se tornar uma das maiores produtoras de combustíveis renováveis do planeta, disse Fahlgren.

Algumas autoridades têm pressionado para que a Petrobras recompre a refinaria de Mataripe. Fahlgren não quis comentar se há negociações em andamento.

“Somos uma empresa de investimento internacional. Em princípio, sempre manteríamos uma conversa sobre todos e quaisquer dos nossos ativos, se isso fizer sentido para nossos investidores e para nós como empresa”, disse ele.

A Mubadala Capital está focada em expandir a produção na Atvos após o recente fim de sua recuperação judicial e tem explorado a adição de outros biocombustíveis, incluindo combustível de aviação sustentável, ao seu portfólio atual.

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