Barcelona, Espanha — Os números fortes da economia americana e as mensagens dos membros do Federal Reserve (Fed) conjugam o cenário de incerteza sobre o rumo dos juros norte-americanos. A atenção dos investidores também se dirige aos ativos de tecnologia em meio às perdas das ações da Apple (AAPL), geradas pela notícia de bloqueio pelo governo da China.
Os futuros de índices dos EUA operavam com queda, assim como as bolsas europeias, que continuam apagando ganhos acumulados e caminham para o oitavo dia consecutivo de perdas, a mais longa sequência de perdas desde 2016. Na Ásia, os índices principais fecharam no vermelho e a bolsa de Hong Kong voltou a ser fechada por intempéries.
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação informou hoje uma redução de -2,1% nos preços globais dos alimentos em agosto, pra o nível mais baixo em mais de dois anos, num contexto de melhora de fornecimentos de óleos alimentares e lacticínios.
O rendimento do título norte-americano para 10 anos recuava para 4,240% às 06:58 (horário de Brasília). Entre as divisas, o euro e a libra se apreciavam em relação ao dólar.
O vaivém cambial continua em destaque, refletindo a diferença entre as perspectivas de crescimento dos EUA e de economias emergentes. O índice Bloomberg de Dollar Spot está no caminho para uma oitava semana consecutiva de ganhos, o que seria a mais longa sequência de alta desde 2005.
O yuan offshore se aproximou hoje do nível mais baixo já registado, a 7,36 por dólar. A taxa de referência oficial para a moeda também foi a mais baixa, sinalizando que o governo deve permitir uma depreciação gradual da divisa. Já o iene japonês se fortaleceu após o governo avisar que observará o movimento cambial com um forte sentido de urgência, sem descartar quaisquer opções para lidar com excessos.
Em outros mercados, o bitcoin e o ouro mostravam valorização, enquanto os contratos de petróleo WTI recuavam pouco, ao redor de US$ 87.
→ O que move os mercados hoje
🔎 Chip sob investigação. A Huawei lançou seu Mate 60 Pro+, uma versão ainda mais poderosa, o que amplia a polêmica sobre o avanço da empresa chinesa em chips de primeira linha, apesar do bloqueio dos EUA. O governo norte-americano abriu uma investigação oficial para encontrar detalhes sobre o chip avançado encontrado no dispositivo, que foi produzido na China pela Semiconductor Manufacturing International Corp, empresa que, assim como a Huawei, também tem acesso restrito a tecnologias americanas.
🍏 Lançamento turbulento. Enquanto isso, a Apple está prestes a lançar seu próximo iPhone no dia 12, um evento que exigirá a superação de várias provas de fogo. As ações da companhia acumulam queda de 6,4% nos últimos dois pregões, o que eliminou quase US$200 bilhões em valor de mercado. As ações da empresa mostravam instabilidade antes da abertura dos negócios em Nova York.
⛲ Resort à venda. A Brookfield estuda a venda por US$2,5 bilhões de seu resort de luxo Atlantis Paradise Island Bahamas, segundo a Bloomberg. A empresa canadense, que já deixou de pagar hipotecas de uma dúzia de edifícios de escritórios, principalmente em Los Angeles e nos arredores de Washington, vem sofrendo o impacto da alta de juros que agitou o mercado imobiliário, além da baixa ocupação de escritórios por conta do teletrabalho.
🦾 Receita movida a IA. A Arm informou aos investidores que a demanda por chips para data centers e inteligência artificial deve levar a uma expansão de 11% na sua receita no atual ano fiscal e um aumento na faixa média de 20% no ano fiscal de 2025. A designer de chips do SoftBank fará seu IPO na próxima semana, quando pretende levantar até US$4,87 bilhões.
👥 Vozes do Fed. Após indicadores fortes de serviços e mercado de trabalho nos EUA nesta semana, o presidente do Fed de Nova York, John Williams, disse que a política monetária dos EUA está “num bom lugar”, mas será preciso analisar os dados “cuidadosamente” para decidir os próximos passos. Já a dirigente do Fed de Dallas, Lorie Logan, disse que poderia ser apropriado um intervalo no aumento dos juros na reunião do dia 20, mas que novas altas devem ser necessárias para reduzir a inflação a 2%. “Pular não significa parar”, reforçou.
👁️ Visão dividida. Na Europa, os economistas preveem que o Banco Central Europeu (BCE) elevará as taxas de juros uma última vez, mas não estão convencidos de que isso ocorrerá na próxima semana. Um levantamento da Bloomberg mostra uma divisão quase uniforme entre os que esperam um aumento de 0,25 ponto percentual na próxima semana e os que apostam em uma pausa.

🟢 As bolsas ontem (07/09): Dow Jones Industrials (+0,17%), S&P 500 (-0,32%), Nasdaq Composite (-0,89%), Stoxx 600 (-0,14%), Ibovespa (--)
O setor de tecnologia afetou o desempenho das bolsas em meio a temores relacionados à proibição do iPhone na China. A queda dos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA ampliou o conjunto de sinais de resiliência da economia que deve ser considerado pelo Fed em sua próxima decisão sobre os juros.
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Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• Feriado: Hong Kong
• EUA: Vendas e Estoques no Atacado/Jul, Crédito ao Consumidor/Jul
• Europa: Zona do Euro (Projeções Econômicas); Alemanha (IPC/Ago); França (Folha de Pagamentos, Transações Correntes, Balança Comercial, Produção Industrial/Jul); Espanha (Produção Industrial/Jul); Portugal (Balança Comercial/Jul)
• Ásia: China (IPC/Ago e IPP/Ago)
• Bancos centrais: Discurso de Michael Barr (Fed)
🗓️ Os eventos de destaque na semana →
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