Barcelona, Espanha — O tom de cautela prevalece entre os investidores, que avaliam os efeitos do rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos pela Fitch Ratings sobre os mercados de títulos, ações e moedas. A expectativa pelos balanços da Apple (AAPL) e da Amazon (AMZN) também pesa, assim como a decisão do Banco da Inglaterra (BoE) sobre os juros.
Os futuros de índices dos EUA e as bolsas europeias operavam em queda. Na Ásia, o fechamento foi misto, com ganhos em Shanghai.
O mercado acionário se desfaz parte dos ganhos do rali deste ano, enquanto os títulos do Tesouro dos EUA aprofundavam o declínio de seu valor nominal, elevando os prêmios para o patamar mais alto no ano. O movimento responde aos dados mais fortes de emprego no setor privado dos EUA, que adicionaram 324.000 trabalhadores em julho, ante previsão de 190.000.
Também contribui para esse aumento dos prêmios o fato de o Tesouro avisar, logo após o rebaixamento dos EUA pela Fitch Ratings, que emitirá US$ 103 bilhões em títulos na próxima semana, um pouco mais do que o previsto.
O rendimento do título norte-americano para 10 anos subia, para 4,145% às 6:35 (horário de Brasília). Entre as divisas, a libra e o euro se depreciavam em relação ao dólar.
Na Europa, a queda é mais acentuada pela expectativa de mais aumento de juros no Reino Unido e por alguns balanços e previsões de empresas como o da alemã Infineon. As ações da fabricante de chips recuavam mais de 7% após previsões decepcionantes. No caso da Lufthansa, a queda é justificada por preocupações com dívidas e custos mais altos.
Em outros mercados, os contratos de petróleo WTI, o ouro recuavam, enquanto o bitcoin se mostrava estável.
→ O que move os mercados hoje
🍺 Melhor do que o esperado. O aumento das vendas de cerveja no Brasil, na China e na Colômbia permitiu que o lucro da Anheuser-Busch InBev NV (BUD) superasse as estimativas dos analistas, crescendo +5%, para US$ 4,91 bilhões, no trimestre até junho. O avanço de cerca de 20% nesses mercados ajudou a compensar a queda de 28% nas vendas nos EUA após uma polêmica campanha de marketing da marca Bud Light.
👟 Reduzindo estoques. A Adidas conseguiu receita de US$437 milhões com a venda de calçados Yeezy no segundo trimestre, igualando o resultado verificado no mesmo período do ano passado, antes de o rapper Ye manifestar opiniões antissemitas que resultaram no fim do contrato. A redução de estoques ajudou a empresa a elevar as metas para o ano.
🚘 Solidez com elétricos. A BMW espera vendas “sólidas” neste ano, tendo em vista a grande demanda por carros totalmente elétricos. O desafio será lidar com o aumento de custo das peças e gargalos logísticos. O lucro antes de juros e impostos foi de €4,34 bilhões no segundo trimestre, alta de 28% ante o mesmo período de 2022, acima das estimativas.
⛩️ Alta controlada. O Banco do Japão entrou no mercado de títulos pela segunda vez na semana para conter os ganhos nos rendimentos dos títulos soberanos de referência. O BoJ tenta conter movimentos bruscos sobre as taxas. A atuação resultou em desvalorização do iene e certa instabilidade no mercado acionário.
🧳 Lucro nas nuvens. A demanda por viagens aéreas deve continuar alta apesar da inflação, segundo previsão da Lufthansa, que espera ganhos acima do nível pré-pandêmico (€1,3 bilhão) neste trimestre. Após ter triplicado seu lucro no período de abril a junho, a companhia aérea projeta ganho de mais de €2,6 bilhões em 2023, em linha com as estimativas.
⏬ Downgrade duplo. A Fitch rebaixou a classificação de risco da Fannie Mae e Freddie Mac de AAA para +AA, alinhando a nota das empresas de hipotecas patrocinadas pelo governo norte-americano com o downgrade da dívida soberana dos EUA, anunciado na véspera. A classificadora avisou que a medida “não foi impulsionada pela deterioração fundamental do crédito, capital ou liquidez das empresas”.
🧧 Mercado frustrado. O Morgan Stanley (MS) reduziu para estável sua classificação para o mercado acionário chinês, citando a frustração dos investidores com medidas mornas e sem brilho para apoiar a economia. O impulso recente dos ativos no país se apoiou em promessas de estímulo de Pequim, mas o provável é que as medidas ocorram aos poucos, o que pode ser insuficiente para sustentar ganhos nas bolsas do país.
🟢 As bolsas ontem (02/08): Dow Jones Industrials (-0,98%), S&P 500 (-1,38%), Nasdaq Composite (-2,17%), Stoxx 600 (-1,35%), Ibovespa (-0,32%)
A aversão a risco nas bolsas dos EUA ganhou força após dados do mercado de trabalho mostrarem uma economia ainda forte. Um salto nos rendimentos do Tesouro também contribuiu para o fechamento negativo.
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Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• PMI de Serviços e Composto: EUA, Zona do Euro, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Brasil
• EUA: Demissões Anunciadas Challenger/Jul, Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego, Encomendas à Indústria/Jun, PMI ISM Não-Manufatura/Jul, Balanço Patrimonial-Fed
• Europa: Alemanha (Balança Comercial/Jun); França (Balanço Orçamentário); Itália (Vendas no Varejo/Jun); Espanha (PMI do Setor de Serviços/Jul)
• Ásia: Japão (Rendimento Médio do Trabalhador)
• América Latina: Argentina (Receita Tributária); Brasil (Fluxo Cambial Estrangeiro)
• Bancos centrais: Decisão de Política Monetária-BoE, Discurso de Andrew Bailey-BoE, Fabio Panetta-BCE, Saldos de Reservas com Bancos-Fed
• Balanços: Apple, Amazon, ConocoPhillips, Booking, Airbnb, ING, Motorola, Moderna, Warner Bros, Kellogg, Petrobras, Bradesco
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