Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em queda na volta do feriado de Corpus Christi, com os investidores reagindo à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a taxa de juros a 15% ao ano e aos riscos geopolíticos com a guerra entre Israel e Irã.
O principal índice da B3 caiu 1,15% nesta sexta-feira (20), aos 137.116 pontos, a maior queda intradiária em um mês. Com o resultado, o Ibovespa encerrou a semana estável. A dez dias do fim do primeiro semestre, o índice da bolsa brasileira acumula ganhos de 14% em 2025 até agora.
Já o dólar (USDBRL) avançou 0,44% e fechou cotado a R$ 5,52, em dia de leve valorização da moeda americana frente a outras divisas. Na semana, a cotação do dólar frente ao real caiu 0,48%.
Entre as blue chips, as ações da Vale (VALE3) recuaram 2,58%, enquanto os papéis preferenciais da Petrobras (PETR4) caíram 0,27%, pressionando o índice para baixo.
Leia também: Bancos veem Copom mais duro para afastar apostas antecipadas em cortes de juros
As ações de bancos também tiveram perdas, com o Banco do Brasil (BBAS3) recuando 2,11% e o Santander Brasil (SANB11) perdendo 2,03%. Os papéis do Itaú Unibanco (ITUB4) caíram 0,52% e os do Bradesco (BBDC4) recuaram 0,84%.
As ações da Cosan (CSAN3) tiveram forte queda de 9%, refletindo o impacto do aumento dos juros. Na última quarta-feira (18), o Citi reduziu o preço-alvo do papel de R$ 14 para R$ 12, o que também pesou nas negociações.

Na ponta positiva, a TIM Brasil (TIMS3) avançou 1,51% e liderou entre as maiores altas do Ibovespa, seguida da Vivo (VIVT3), que subiu 1,47%, e da PetroReconcavo (RECV3), que teve ganho de 1,35%.
Investidores reagem às informações da reunião do Copom do Banco Central na quarta-feira (18) no fim da tarde, em que os diretores decidiram de forma unânime pelo aumento de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, para 15,00% ao ano.
A maioria de economistas consultados pela Bloomberg esperava que o Comitê de Política Monetária mantivesse a Selic inalterada em 14,75% ao ano.
No comunicado junto com a decisão, o Copom explicitou a mensagem de que os juros permanecerão nesse patamar por um período muito prolongado, o que tem sido interpretado por economistas de que um esperado ciclo de relaxamento monetário não deve ser iniciado antes do início do próximo ano.
Nos Estados Unidos, a sessão pós-feriado em Wall Street também foi de queda nas ações. Investidores também reagiram a uma reportagem do Wall Street Journal que indicou que os EUA podem revogar algumas exceções para empresas de semicondutores com produção na China, o que afetou o desempenho das ações do setor, com reflexo para os índices de ações.
As preocupações ofuscaram as maiores perspectivas de corte de juros nos EUA. Um dos diretores do Federal Reserve, Christopher Waller, disse que os juros poderiam cair já em julho.
Investidores também seguem acompanhando os desenvolvimentos da guerra entre Israel e Irã, e a possibilidade de os Estados Unidos se envolverem diretamente no conflito. Nesta sexta-feira (20, o presidente Donald Trump indicou que dará uma chance às negociações diplomáticas e adiou em pelo menos duas semanas a decisão sobre se atacaria o Irã.
Em Nova York, o S&P 500 caiu 0,22% e o Nasdaq recuou 0,51%, enquanto o Dow Jones fechou perto da estabilidade, com alta de 0,08%.
-- Com informações da Bloomberg News
Leia também
Gestores estão otimistas com Brasil e cautelosos com México, revela BofA