Da influência dos bancos centrais à oferta de petróleo: os eventos que movem os mercados

O foco está mais uma vez nos bancos centrais, com discursos dos chefes de política monetária nos EUA e na Europa como destaque da agenda

Estes são os eventos que orientam os investidores e movem os mercados hoje
01 de Dezembro, 2023 | 07:09 AM

Barcelona, Espanha — O poder de influência de Jerome Powell, do Federal Reserve (Fed), e de sua homóloga na Europa, Christine Lagarde, rege os mercados financeiros. Os operadores já contam com a possibilidade de que Powell tente esfriar as expectativas de cortes nas taxas, que respaldaram boa parte do rali de novembro - o melhor mês em quase um ano e meio e o segundo novembro mais lucrativo para o S&P 500 desde 1980.

Os investidores já descontam reduções no custo do dinheiro nos EUA para abril/maio de 2024 e ainda mais cedo na Europa, neste caso com algumas vozes já aventando um recuo até o fim do ano. O Goldman Sachs, por outro lado, espera que o primeiro corte de juros pelo Banco Central Europeu (BCE) ocorra somente no segundo trimestre, conforme relatório de ontem.

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🤨 Exagero? Novembro surpreendeu até mesmo os mais céticos com seus ganhos proeminentes em todas as classes de ativos. A pergunta que percorre as mesas de negociações é se esta performance pode ir além. Alguns sugerem que as apostas otimistas do mercado sobre o cronograma de cortes nas taxas de juros no próximo ano, baseadas sobretudo em comentários recentes dos porta-vozes do Fed, foram interpretadas de forma exagerada.

🛢️ O rumo do petróleo. O mercado acompanha com curiosidade a possibilidade de novos cortes na produção da matéria-prima pela OPEP+. A ausência de detalhes sobre como ficará a oferta deixou os investidores reticentes. A aliança prometeu cerca de 900.000 barris por dia de cortes adicionais na produção de petróleo a partir de janeiro, mas se absteve de dar mais explicações. As restrições são em grande parte voluntárias e Angola já as rejeitou.

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🤫 Sem alarde. A HPS Investment Partners, empresa de crédito privado que se desvinculou do JPMorgan Chase em 2016, arquivou confidencialmente um pedido de oferta pública inicial (IPO) há cerca de um ano, segundo fontes ouvidas pela Bloomberg. Desta forma, os investidores agora contam com mais uma possibilidade de abertura de capital quando o mercado de capitais se mostrar favorável. Em 2016, HPS comprou a si mesma do JPMorgan em um negócio que a avaliou em cerca de US$ 1 bilhão. Hoje em dia, enquanto se debate com a ideia de uma listagem pública, ela pode valer cerca de oito vezes esse valor.

🇨🇳 Reformas em perspectiva. O presidente Xi Jinping parece disposto a adiar uma reunião do partido realizada a cada cinco anos para traçar a agenda de reformas econômicas de longo prazo de seu país. O adiamento da reunião marcaria a primeira vez que ela foi realizada em um ano fora do cronograma em mais de três décadas. O terceiro plenum normalmente ocorre em outubro ou novembro, um ano após a definição da nova equipe de liderança da China, de acordo com uma análise da Bloomberg sobre a leitura das reuniões.

🤖 Firme aposta na IA. A empresa chinesa de chips de inteligência artificial Shanghai Biren Intelligent Technology garantiu recentemente uma promessa do equivalente a US$280 milhões de investidores apoiados pelo governo de Guangzhou, depois que a empresa foi colocada na lista negra de Washington em outubro, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

📈 O vaivém dos ativos. Os contratos futuros de índices dos EUA subiam, embora o ativo indexado ao Nasdaq trabalhasse no zero a zero. Os mercados acionários europeus exibiam alta. As bolsas da Ásia, no fechamento, se dividiram entre os campos positivo e negativo. Em outros mercados, o prêmio de risco do título de 10 anos dos EUA caía para 4,31%. Entre as divisas, o euro e a libra se apreciavam frente ao dólar, enquanto o iene baixava. O ouro avançava e os contratos de petróleo bruto WTI operavam voláteis.

(Com informações de Bloomberg News)

🗓️ AGENDA: Os eventos e indicadores em destaque hoje e na semana →

Os mercados esta manhã

🔘 As bolsas ontem (30/11): Dow Jones Industrials (+1,47%), S&P 500 (+0,38%), Nasdaq Composite (-0,23%), Stoxx 600 (+0,55%), Ibovespa (+0,92%)

O S&P 500 avançou 8,9% neste mês - esse é o segundo melhor novembro desde 1980, atrás apenas da recuperação impulsionada pela pandemia em 2020, segundo dados compilados pela Bloomberg. O salto foi parte de uma recuperação desencadeada por uma queda nos rendimentos dos títulos, que se acelerou à medida que aumentavam os sinais de que os formuladores de políticas estão conseguindo domar a inflação sem prejudicar a economia.

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Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.