Com oferta de US$ 15 bi, Amazon faz primeira emissão de títulos nos EUA desde 2022

Gigante do e-commerce e da computação em nuvem amplia onda de ofertas de dívida de big techs diante de investimentos crescentes ligados à inteligência artificial, como em data centers

Os investimentos em capital da Amazon devem superar US$ 147 bilhões no ano que vem. (Foto: Toru Hanai/Bloomberg)
Por Michael Gambale - Caleb Mutua - Brian Smith
17 de Novembro, 2025 | 02:23 PM

Bloomberg — A Amazon (AMZN) pretende captar cerca de US$ 15 bilhões por meio de uma emissão de títulos — sua primeira operação desse tipo em dólares em cerca de três anos — ampliando a onda de ofertas de dívida de grandes empresas de tecnologia que correm para financiar infraestrutura de inteligência artificial.

Os recursos poderão ser usados para diversos tipos de operações: aquisições, investimentos em capital e até recompra de ações, segundo pessoas com conhecimento do assunto que falaram com a Bloomberg News.

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Goldman Sachs, JPMorgan Chase e Morgan Stanley coordenam a emissão, disseram essas pessoas, que pediram anonimato por tratar de informações privadas.

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A venda desta segunda-feira (17) ocorre depois de a Alphabet (GOOG), controladora do Google, ter levantado US$ 25 bilhões em dívida nos EUA e na Europa no início do mês.

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A Meta Platforms (META) emitiu US$ 30 bilhões em títulos corporativos no mês passado, na maior operação do ano, enquanto a Oracle (ORCL) captou US$ 18 bilhões em notas de alto grau de investimento em setembro.

A enxurrada de emissões de empresas de tecnologia contribuiu para levar o volume global a um recorde de mais de US$ 6 trilhões neste ano.

O JPMorgan Chase prevê que a nova onda de gastos para financiar investimentos em inteligência artificial deve impulsionar o mercado americano de dívida de alto grau a um recorde de US$ 1,81 trilhão no ano que vem.

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A Amazon está oferecendo títulos de grau de investimento em até seis tranches, disseram as fontes.

As discussões iniciais de preço para a parcela mais longa, um papel de 40 anos, apontam para um prêmio de cerca de 1,15 ponto percentual acima dos Treasuries, acrescentaram.

Goldman Sachs, JPMorgan e Morgan Stanley não comentaram. A Amazon não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

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A Amazon é a maior fornecedora mundial de computação na nuvem sob demanda, essencial para sustentar sistemas de inteligência artificial. Assim como suas principais rivais, a companhia tem investido fortemente em data centers e chips para construir e operar modelos de IA capazes de gerar textos ou imagens e automatizar processos.

Os investimentos em capital da Amazon devem superar US$ 147 bilhões no ano que vem — algo como três vezes o nível observado tão recentemente quanto 2023 — segundo a média das estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg.

Este é um momento “oportuno” para a empresa, que até agora se apoiou principalmente no próprio fluxo de caixa para financiar seus investimentos, incorporar dívida à sua estrutura de capital e ampliar a flexibilidade de financiamento, escreveu o JPMorgan em nota na semana passada.

“A Amazon também poderia recorrer ao mercado de crédito privado para estruturar financiamentos em torno de sua ampla rede de data centers”, acrescentou o JPMorgan, citando o potencial de operações de sale-leaseback ou modelos semelhantes a joint ventures.

A capacidade energética da rede de data centers da Amazon dobrou desde 2022, e o CEO Andy Jassy afirmou esperar que ela dobre novamente até 2027.

No início deste mês, a unidade de nuvem da empresa assinou um contrato de US$ 38 bilhões para fornecer à OpenAI acesso a centenas de milhares de GPUs da Nvidia (NVDA) como parte de um acordo de computação de sete anos.

A última captação da Amazon no mercado americano de dívida de alto grau ocorreu em novembro de 2022, quando levantou US$ 8,25 bilhões.

-- Com a colaboração de Robin Ajello.

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