Bloomberg — O investidor veterano em mercados emergentes Mark Mobius mantém a maior parte das participações dos seus fundos em caixa, enquanto aguarda o fim da incerteza relacionada ao comércio, que provavelmente persistirá por até seis meses, em sua avaliação.
“Neste momento, cash is king. Portanto, 95% do meu dinheiro nos fundos está em caixa”, disse Mobius em entrevista à Bloomberg TV na quarta-feira (30).
“Neste momento, precisamos manter o dinheiro e estar prontos para agir quando chegar a hora certa.”
Mobius, que investe em mercados em desenvolvimento há cerca de três décadas, disse que alguns países de mercados emergentes, como a Índia, se sairão muito bem no ambiente atual, “mas temos que esperar até que tudo isso se estabilize e vejamos uma diminuição dessa incerteza.”
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Embora muitos gestores e estrategistas de Wall Street tenham se tornado defensivos em sua alocação de ações, os altos níveis de caixa da Mobius ainda parecem extremos.
O sentimento dos investidores em relação às perspectivas econômicas é o mais negativo em três décadas, mostrou uma pesquisa do Bank of America no início deste mês.
Os investidores provavelmente só conseguirão avaliar as oportunidades de mercado assim que as negociações comerciais ocorrerem nos próximos quatro a seis meses, disse Mobius.
Ele acrescentou que não manterá tanto caixa por “mais de três a quatro meses” e começará a aplicar parte dos fundos, dependendo de onde as oportunidades estiverem.
“Se o mercado cair ainda mais, é claro que colocaremos mais dinheiro”, disse o cofundador da Mobius Capital Partners. Em 2023, Mobius havia dito em uma entrevista ao jornal Economic Times que supervisionava, naquela época, cerca de US$ 300 milhões em ativos sob gestão.
Investidores que se concentram em instrumentos de caixa em dólar americano estão perdendo a chance de um rali épico no resto do mundo.
O índice MSCI World Excluding United States, denominado na moeda dos EUA, subiu cerca de 10% até agora neste ano, após uma sequência de 15 dias de ganhos sem precedentes.
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Mobius espera que a Índia se beneficie às custas da China, já que Trump busca remodelar as cadeias de suprimentos globais, afastando-as da maior economia da Ásia.
“Os EUA estão muito ansiosos para fechar um acordo com a Índia, porque essa será a alternativa à China”, afirmou ele, acrescentando que as ações indianas vinculadas a software e hardware eletrônico estão no seu radar.
Por outro lado, “ficarei muito otimista em relação à China” se o governo demonstrar uma mudança radical em sua postura em relação ao comércio e ao consumo doméstico.
Mobius também afirmou que possui “um pouco de fundos do S&P 500” para acompanhar o mercado e espera que o indicador suba dos níveis atuais até o final do ano, à medida que a confiança dos investidores retorna aos investimentos nos EUA.
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