Boomberg — A BNP Paribas Asset Management Brasil aumentou a posição em bolsa com apostas em setores mais arriscados, como os de construção civil, saúde e varejo, e diz estar hoje com um portfólio preparado para um corte de juros em janeiro.
A gestora, que fechou agosto com R$ 77,8 bilhões sob gestão, está com um portfólio com mais apetite a risco na bolsa desde o início do ano, com a visão de que o ciclo de alta de juros chegou ao fim, disse o chefe de renda variável da gestora, Marcos Kawakami, em entrevista à Bloomberg News.
Kawakami afirma preferir empresas pagadoras de dividendos para compensar os riscos, sem dar mais detalhes. No setor de varejo, ele pontua que gosta de empresas menos sensíveis à atividade econômica.
“Estamos com um portfólio com mais apetite a risco desde o início do ano, em ações de empresas que podem ser beneficiadas ao longo do tempo com esse juro parando de subir”, disse o gestor.
“No cenário de corte de juros como está na curva e com o tamanho de corte que está na curva, acreditamos que estamos com o portfólio correto”.
Hoje, a curva de juros futuros embute cerca de 2,5pp de corte na Selic.
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ara ele, a visão de que os juros não vão mais subir está relacionada aos sinais de desaceleração da economia e da inflação.
“Claro que, se o cenário mudar, e tivermos um câmbio muito mais depreciado, pode até ter uma mínima chance. Mas o Banco Central no passado, com um cenário pior, preferiu ir para uma estratégia de ‘higher for longer’ do que aumentar mais juros, me parece que para uma chance de um aumento novo, teríamos que ter um cenário bem diferente do que estamos vendo hoje”.
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Rali
Na avaliação de Kawakami, os sucessivos recordes do índice local se devem a um ambiente externo mais favorável, diante de um corte de juros do Fed, e pela alta dos lucros das empresas nos últimos resultados divulgados. Ele observa que o investidor local ainda está fora de bolsa.
“Não tem comprador em bolsa. Com a NTN-B elevada, o investidor fica longe de renda variável”, disse ele.
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