Bloomberg — A BB Asset, maior gestora de recursos do país, passou a adotar uma postura mais arrojada em seus fundos de ações para se antecipar à esperada queda da Selic.
A gestora projeta o início do ciclo de cortes da taxa básica em janeiro de 2026, o que deve impulsionar a demanda por investimentos de maior risco.
A casa aumentou a exposição a setores mais alavancados e sensíveis aos juros, com a inclusão de papéis mais voláteis ao longo dos 44 mandatos de fundos de ações.
A BB Asset, que é ligada ao Banco do Brasil, administra R$ 23,3 bilhões em ativos apenas nesse tipo de fundo.
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Segundo o diretor de investimento (CIO), Bruno Martins, alguns produtos já registram captação líquida e uma virada do fluxo, que ainda é de resgate líquido na renda variável, deve ocorrer quando os movimentos de corte da Selic de fato começarem.
“Em 2026 vamos ver uma história diferente, um pouco mais para equities e multimercado”, afirmou Martins, em entrevista à Bloomberg News na sede da gestora, no Rio de Janeiro, poucos meses após assumir o cargo. “Estamos vendo que há uma passagem de bastão, a grande questão é o timing.”
Tanto os fundos de ações quanto os multimercado têm sofrido com retiradas líquidas em toda a indústria de fundos, segundo dados da Anbima.
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A migração ocorre para instrumentos de renda fixa, como os títulos públicos, e para fundos que compram esses ativos, já que a Selic, hoje no patamar de 15%, oferece rentabilidade atrativa com baixo risco.
A BB Asset prevê um corte de 2,5 pontos percentuais na Selic no próximo ano.
A BB Asset registrou redução nos resgates líquidos nos fundos de ações, de R$ 3,6 bilhões no primeiro semestre deste ano para algo em torno de R$ 600 milhões no terceiro trimestre. Segundo Martins, a demanda é pequena, “mas crescente”.
Ainda assim, a gestora está “no caminho” para registrar um crescimento de ativos sob gestão neste ano, em comparação ao ano passado, completou o CIO.
Mais fluxo
Uma retomada mais clara das captações líquidas devem vir com o início do retorno dos grandes investidores institucionais para a bolsa, afirmou o diretor executivo de fundos de ações e multimercado, Guilherme Novaes.
Segundo ele, a retomada tem demorado mais que o previsto por eles, o que é explicado em partes por prêmios atrativos da NTN-B, os títulos do governo atrelados à inflação.
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Segundo ele, as conversas sobre perspectivas para o mercado acionário com os comitês de investimento das instituições de previdência privada e fundos de pensão “já são mais frequentes”, vista a perspectiva com a dinâmica de queda dos juros e a potencial redução de prêmios de NTN-B, diz o diretor executivo.
Apetite por crédito
A BB Asset tem hoje 1.200 fundos de investimento, 176 deles abertos ao varejo, e 4 milhões de clientes, com R$ 1,8 trilhão em ativos sob gestão.
A renda fixa segue o carro-chefe em venda de produtos, embora a casa tenha notado um forte apetite pelo mercado de crédito privado entre as pessoas físicas o que, para Martins, sinaliza uma maior maturidade do investidor.
Também há um crescente apetite por ouro, com o BB Multimercado Ouro - fundo que acompanha a valorização do metal livre de oscilação cambial - tendo captado R$ 1,5 bilhão em 2025, totalizando R$ 3 bilhões em ativos sob gestão no fundo. Nesse período, o ouro à vista subiu mais de 53%.
Martins afirmou que observa o cenário de crédito de perto, após crises nas dívidas corporativas de empresas como Ambipar e Braskem, além da cautela recente sobre títulos da Raízen, mas disse que a demanda por fundos ligados a crédito privado segue pujante.
“Somos muito criteriosos no crédito das empresas”, disse. “O X da questão é estar com crédito correto no preço correto. Estamos acompanhando os segmentos da indústria, mas convenhamos que tem muita oportunidade boa no mercado”.
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