BB Asset busca parcerias para crescer em ativos alternativos, diz CEO

Denísio Liberato diz em entrevista à Bloomberg News que a gestora do Banco do Brasil tem buscado joint venture e cita acordos com Iguatemi e JGP; meta é chegar a R$ 2 tri em ativos sob gestão

BB Asset Management CEO Denisio Liberato Interview
Por Cristiane Lucchesi e Felipe Saturnino
06 de Junho, 2024 | 02:21 PM

Bloomberg — A maior gestora de fundos do Brasil está à procura de parceiros para expandir o negócio de investimentos alternativos e atingir a marca de R$ 2 trilhões em ativos sob gestão.

A estratégia para a BB Asset Management, a divisão de gestão de recursos de terceiros do Banco do Brasil (BBAS3), vai na contramão do que se pretendia anteriormente. O ex-presidente Jair Bolsonaro chegou a colocar a BB Asset à venda, mas não concluiu o processo antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumir o cargo no ano passado e descartar a ideia.

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“Não há essa expectativa de venda, pelo contrário: queremos fortalecer pilares que a gestora tem a partir de parcerias estratégicas com empresas que tenham de forma definitiva maior tecnicidade possível e sejam líderes em seus segmentos de atuação”, disse o presidente da BB Asset, Denísio Liberato, em entrevista à Bloomberg News em São Paulo.

Com R$ 1,6 trilhão sob gestão em cerca de 1.200 fundos, a BB Asset está em expansão - inclusive por meio de joint ventures - em uma estratégia desenhada por Liberato, o primeiro presidente negro da gestora.

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A BB Asset possui clientes em todo o Brasil, incluindo pessoas físicas, empresas e municípios, e tenta acelerar sua expansão e criar mais fundos alternativos desde que Liberato assumiu o posto, em julho do ano passado.

A gestora já se associou à Iguatemi (IGTI11), um dos maiores grupos de operação de shoppings centers do país, para lançar seu primeiro fundo imobiliário que investe em tais estabelecimentos.

A BB Asset também criou uma joint venture para fundos ESG com a JGP, uma das mais tradicionais gestoras do país, fundada por André Jakurski e com sede no Rio de Janeiro.

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Liberato disse que a BB Asset está em negociações com outras gestoras para novas parcerias e em busca de oportunidades de aquisição de participações, mas não deu nomes.

O total de ativos sob gestão na indústria de fundos no Brasil aumentou para R$ 6,13 trilhões em abril, um crescimento de 12% na comparação com o mesmo mês de 2023, segundo dados compilados pela Anbima, a associação que reúne entidades e empresas do mercado de capitais.

A CEO do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, incluiu a BB Asset em seu projeto de estímulo à diversidade e escolheu como seu presidente Liberato, que então atuava como diretor de investimentos da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil - o maior do país.

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‘Família humilde’

Nascido em Minas Gerais, Liberato disse que veio de uma “família humilde” e conseguiu cursar o ensino médio em uma escola particular de melhor qualidade por causa de uma bolsa de estudos que obteve pelo futebol.

A decisão de estudar economia foi uma questão de “pragmatismo”, segundo ele: a faculdade que frequentou era gratuita e perto de sua casa, e a disputa pelas vagas no curso era menor do que para outras graduações.

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Liberato iniciou sua carreira no Banco do Brasil em abril de 2002, mas saiu da instituição cerca de onze anos depois para um cargo no Ministério da Fazenda. Ele voltou ao BB em 2015 e, após cinco anos, ingressou na Previ. Voltou ao banco estatal em julho de 2023.

Ao entrar na BB Asset, ele decidiu que a gestora deveria ter como prioridade ajudar o Brasil a cumprir sua agenda de financiamento “verde.sg Em janeiro, assinou uma parceria com a JGP para criar uma gestora “com potencial para ser a líder do Sul Global em finanças sustentáveis”, disse Liberato.

O Banco do Brasil é o principal banco do agronegócio no Brasil, com possibilidade de gerar muitos ativos de crédito verde, enquanto a JGP tem capacidade técnica para construir fundos de crédito ESG, disse Liberato.

O primeiro fundo de crédito privado ESG, chamado Equilíbrio, é um veículo estruturado que captou um total de R$ 600 milhões em apenas um mês. A JGP detém a maior parte da joint venture ESG e a meta é atingir R$ 20 bilhões em ativos sob gestão até 2028.

A receita do Banco do Brasil com administração de fundos alcançou R$ 2,2 bilhões no primeiro trimestre, um aumento de 5,8% em relação ao mesmo período de 2023, segundo o resultado trimestral do banco. Isso representou 25% da receita de serviços do banco.

O BBIG11, fundo imobiliário lançado em maio com a Iguatemi como consultora, já levantou R$ 1 bilhão, com atração de pessoas físicas em busca de novos investimentos depois que os fundos exclusivos dedicados a elas perderam seus incentivos fiscais em mudança promovida pelo governo Lula.

“Esses investidores virão atrás de nós em busca de produtos mais sofisticados e queremos ter alternativas para oferecer”, disse Liberato.

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