Think tank de Wall St: JPMorgan abre braço de geopolítica, e CEO fala em risco global

Empresas e bancos têm incorporado ex-líderes militares, funcionários da Casa Branca, diplomatas e até espiões às suas fileiras à medida que buscam navegar pelas tensões internacionais

Maior banco dos EUA lançou seu Centro para Geopolítica com o objetivo de orientar os clientes sobre tensões globais, e divulgou pesquisas sobre Rússia e Ucrânia, Oriente Médio e rearmamento global (Foto: Emily Elconin/Bloomberg)
Por Hannah Levitt
21 de Maio, 2025 | 12:25 PM

Bloomberg — O JPMorgan criou uma unidade com o objetivo de orientar os clientes sobre riscos geopolíticos, que o CEO Jamie Dimon diz superar qualquer outra preocupação ao longo de sua carreira.

O maior banco dos Estados Unidos lançou seu “Centro para Geopolítica” na quarta-feira (21), com pesquisas sobre Rússia e Ucrânia, Oriente Médio e rearmamento global. Relatórios adicionais serão divulgados trimestralmente, com planos de abordar questões polêmicas, como populismo e inteligência artificial. Os executivos que lideram o esforço também participarão de eventos e realizarão sessões com clientes.

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“Seja você uma empresa da Fortune 100 ou uma empresa de médio porte, a geopolítica está impactando seus resultados, está impactando suas perspectivas”, disse em uma entrevista Derek Chollet, que ingressou no JPMorgan neste ano para comandar a iniciativa. “Queremos oferecer uma estrutura ampla e como pensar sobre isso, mas também alguns insights práticos para tentar dar sentido ao que é, sem dúvida, um cenário global confuso e, por vezes, muito incerto.”

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Empresas de Wall Street têm incorporado ex-líderes militares, funcionários da Casa Branca, diplomatas e até espiões às suas fileiras nos últimos anos à medida que buscam navegar pelas tensões globais.

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Neste mês, o Citigroup contratou o ex-representante comercial do presidente Donald Trump, Robert Lighthizer, para assessorar clientes sobre política externa e econômica dos Estados Unidos. No ano passado, o JPMorgan contratou o general aposentado Mark Milley, ex-presidente do Estado-Maior Conjunto, como consultor senior.

Dimon começou a alertar sobre os desafios geopolíticos logo após a Rússia invadir a Ucrânia em 2022. Mais recentemente, ele descreveu a situação do mundo como a mais perigosa e complicada desde a Segunda Guerra Mundial. E, no dia do investidor do banco, na segunda-feira, ele disse que o risco geopolítico é “muito, muito, muito alto”.

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No ano passado, ele pediu a Peter Scher, vice-presidente do JPMorgan, que criasse uma unidade para fornecer aos clientes insights sobre o cenário em constante mudança.

“Estamos mais uma vez em um ponto crucial da história”, escreveu Dimon em uma nota que acompanha os relatórios divulgados na quarta-feira.

“O mundo pós-Covid é definido por novas e concorrentes forças: competição global aliada a uma profunda interconectividade, rápida mudança tecnológica, volatilidade econômica, conflitos regionais, rivalidade geopolítica e crescente pressão sobre as instituições democráticas. Nosso maior risco é o risco geopolítico.”

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Scher recrutou Chollet, que até janeiro foi chefe de gabinete do secretário de Defesa da era Biden, Lloyd Austin, e Lisa Sawyer, que também esteve no Pentágono até janeiro. Chollet ocupou cargos no Pentágono, no Departamento de Estado, na Casa Branca e no Congresso, e Sawyer trabalhou no grupo de relações governamentais globais do JPMorgan antes de ingressar no governo Biden.

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Os relatórios abordam as principais dinâmicas, desafios e cenários potenciais para cada tópico. Por exemplo, “Um Novo Tabuleiro de Xadrez para o Oriente Médio” apresenta um “tríplice diplomática” para os EUA, analisa três “fatores de virada” e avalia probabilidades em determinados resultados. “O Fim do Jogo Rússia-Ucrânia e o Futuro da Europa” apresenta quatro cenários para um acordo, do melhor ao pior.

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