México ordena prisão de dono de franquia do Miss Universo em meio a premiação polêmica

Vitória de Fatima Bosch no concurso foi questionada pelo público por ela ser filha de ex-diretor da Pemex. Mandado de prisão contra o empresário Raul Rocha Cantu foi expedido em conexão com uma investigação sobre suposto tráfico de drogas, combustível e armas

Miss Universo 2025
Por Scott Squires
27 de Novembro, 2025 | 12:41 PM

Bloomberg — As autoridades mexicanas emitiram um mandado de prisão contra o coproprietário da franquia do Miss Universo, o mais recente episódio de uma crescente controvérsia que envolve uma rainha da beleza, cartéis de drogas e a estatal petrolífera.

O mandado de prisão contra o empresário Raul Rocha Cantu e outras 12 pessoas foi expedido em conexão com uma investigação sobre suposto tráfico de drogas, combustível e armas, de acordo uma pessoa com conhecimento direto da investigação ouvida pela Bloomberg News.

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Rocha negou qualquer irregularidade.

Um comunicado da Procuradoria-Geral, que identificou o acusado apenas como Raul “R”, afirmou que o mandado foi expedido em 16 de novembro, após a abertura de uma investigação há mais de um ano sobre supostas ligações com o crime organizado.

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Rocha, que detém metade da franquia Miss Universo México, é acusado de contrabando de combustível e armas para o México via Guatemala, em coordenação com grupos do crime organizado, noticiou o jornal Milenio, que citou documentos judiciais não publicados. Segundo a reportagem, Rocha solicitou status de testemunha protegida ao gabinete do procurador-geral.

A controvérsia ganhou força depois que a empresa estatal Petróleos Mexicanos (Pemex) parabenizou a vencedora do Miss Universo, Fatima Bosch, por conquistar o título, observando em uma publicação no X, em 21 de novembro, que o pai dela trabalhava na empresa.

No sábado, o jornal El Universal relatou que a Pemex concedeu um contrato de 745 milhões de pesos (US$ 41 milhões) por meio de um processo de licitação a uma empresa ligada a Rocha Cantu, enquanto o pai de Bosch, Bernardo Bosch Hernandez, ocupava um cargo de gestão na estatal.

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O contrato foi assinado em 2023 para a prestação de serviços de dutos entre a Pemex e um consórcio liderado pela Soluciones Gasiferas del Sur, pertencente a Rocha Cantu, que adquiriu 50% da franquia Miss Universo naquele mesmo ano.

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O contrato foi executado entre fevereiro e dezembro de 2023, segundo o jornal El Universal, que citou um documento interno da empresa.

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Após a divulgação dos laços entre o pai de Bosch, a Pemex e a prestadora de serviços de dutos, alguns mexicanos questionaram a imparcialidade do concurso Miss Universo.

A organização do concurso Miss Universo México não respondeu a um pedido de comentário sobre o mandado de prisão de Rocha, assim como um porta-voz da Soluciones Gasiferas del Sur.

No domingo, a Pemex emitiu um comunicado que dizia que a empresa não tinha qualquer conexão com os diretores do Miss Universo, e que a publicação parabenizando a vencedora do concurso foi feita no contexto do “entusiasmo popular” pela sua vitória.

Na segunda-feira, Rocha disse para a rádio local que o contrato foi concedido antes de ele ter qualquer ligação com o concurso Miss Universo, e também que outra de suas empresas tinha um contrato com a Pemex.

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Na quarta-feira, a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, disse que a investigação sobre os negócios de Rocha não deve diminuir o brilho da conquista da vencedora do concurso de beleza.

“Isso é diferente da jovem que venceu o concurso”, disse Sheinbaum. “Eles querem misturar tudo, mas é diferente. Eles querem tirar o mérito dela.”

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