Bloomberg — A administração do presidente Donald Trump sinalizou neste domingo (12) a abertura para um acordo com a China a fim de conter as novas tensões comerciais, ao mesmo tempo em que alertou que os recentes controles de exportação anunciados por Pequim representam um grande obstáculo às negociações.
O vice-presidente JD Vance pediu que Pequim “escolha o caminho da razão” no mais recente embate comercial entre as duas maiores economias do mundo, afirmando que Trump tem mais poder de barganha se a disputa se prolongar.
Mais tarde, Trump publicou uma declaração que insinuou uma possível saída diplomática para o presidente chinês Xi Jinping, enquanto lançava uma ameaça velada de que uma guerra comercial total prejudicaria a China.
“Não se preocupem com a China, tudo ficará bem! O altamente respeitado presidente Xi apenas teve um momento ruim. Ele não quer uma depressão em seu país, e eu também não. Os EUA querem ajudar a China, não prejudicá-la!!!”, escreveu no Truth Social.
As declarações de Trump e Vance sugerem que os EUA querem manter a pressão sobre a China para que reverta suas recentes medidas comerciais, tentando ao mesmo tempo acalmar os mercados e evitar uma escalada de retaliações.
As ações, o petróleo e as criptomoedas despencaram na sexta-feira após o agravamento da crise, provocado por uma postagem de Trump nas redes sociais ameaçando responder às restrições impostas por Pequim sobre exportações de terras raras e outras medidas comerciais. Vance caracterizou a situação como uma negociação em andamento.
Leia mais: China pede diálogo com os EUA, mas prepara contramedidas a tarifas de 100%
“Será uma dança delicada, e muito vai depender de como os chineses vão reagir”, disse Vance ao programa Sunday Morning Futures, da Fox News. “Se eles responderem de forma muito agressiva, garanto que o presidente dos Estados Unidos tem muito mais cartas na manga do que a República Popular da China. Mas, se estiverem dispostos a ser razoáveis”, continuou, “nós também estaremos.”
O Ministério do Comércio da China afirmou mais cedo neste domingo que os EUA devem parar de ameaçar com tarifas mais altas e pediu novas negociações para resolver as pendências comerciais.
As tensões se intensificaram na última semana, quando Pequim anunciou novos controles de exportação e outras medidas — embora algumas só entrem em vigor em novembro, ou possam nem ser amplamente aplicadas.
“Acho que ficou muito claro para todos que essa tentativa de tomada de poder pelos chineses não será tolerada”, disse o representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, ao programa The Sunday Briefing, também da Fox News.
Trump, aparentemente furioso, anunciou na sexta-feira que imporia tarifas de 100% sobre produtos chineses e restringiria certas exportações de software dos EUA a partir de 1º de novembro, além de sinalizar que poderia interromper o envio de peças de aviões. No entanto, afirmou ter escolhido a data de novembro justamente para permitir espaço para negociações.
“Vamos ver o que acontece. Por isso marquei para 1º de novembro. Vamos ver”, disse Trump.
Greer destacou esse prazo como um motivo de otimismo de que a turbulência dos mercados se estabilize nesta semana.
“Acho normal que os mercados reajam com alguma preocupação”, afirmou. “Dito isso, essas medidas ainda não estão em vigor. Estão programadas para 1º de novembro. Então acredito que veremos os mercados se acalmando ao longo da semana, à medida que as coisas se acomodem, esperamos.”
Vance, que disse ter conversado com Trump no sábado e no domingo, afirmou que o presidente “aprecia a amizade que desenvolveu com Xi”, mas acrescentou: “Temos muita vantagem, e minha esperança, assim como a do presidente, é que não precisemos usar essa vantagem.”
Ele acrescentou que essa boa relação estará ameaçada “se os chineses seguirem por esse caminho de cortar o acesso do mundo inteiro a alguns dos bens que produzem”.
Greer, por sua vez, citou um trecho da declaração do Ministério do Comércio da China que dizia que os controles de exportação não equivalem a uma proibição.
“Claramente, os chineses perceberam que ultrapassaram os limites do aceitável”, disse.
As duas potências já haviam travado uma disputa comercial nesta primavera, elevando as tarifas para pelo menos 125% de cada lado, antes de chegarem a um acordo para retornar aos níveis atuais — tarifas chinesas de 10% sobre produtos dos EUA e uma taxa combinada de 30% sobre importações chinesas, além de tarifas já existentes.
“Vamos descobrir nas próximas semanas se a China quer iniciar uma guerra comercial conosco ou se prefere agir com razoabilidade. Espero que escolham o caminho da razão”, concluiu Vance.
Veja mais em bloomberg.com
Leia também:
China pede diálogo com os EUA, mas prepara contramedidas a tarifas de 100%
©2025Bloomberg L.P.