Governo Trump endurece regras de visto para estrangeiros que quiserem visitar Harvard

Secretário de Estado, Marco Rubio, ordenou que funcionários consulares aumentem a inspeção de redes sociais de solicitantes de vistos; medida afeta potenciais estudantes, professores e palestrantes estrangeiros

Governo Trump havia buscado anteriormente barrar Harvard de aceitar qualquer estudante estrangeiro — uma decisão que foi bloqueada pelos tribunais (Foto: Bloomberg)
Por Nick Wadhams
01 de Junho, 2025 | 11:28 AM

Bloomberg — O secretário de Estado, Marco Rubio, ordenou na sexta-feira (30) uma inspeção mais rigorosa dos perfis de redes sociais de qualquer estrangeiro que busque visitar a Universidade Harvard, dizendo aos oficiais consulares americanos que a falta de presença online dos candidatos pode ser evidência suficiente para negar um visto.

O telegrama de Rubio, enviado a embaixadas pelo mundo todo, é o mais recente ataque do governo Trump contra Harvard, aos estudantes estrangeiros que vão para lá e às universidades de elite de forma mais ampla.

PUBLICIDADE

Rubio disse que o procedimento detalhado no documento serviria como piloto para os próximos dias depois que ele interrompeu entrevistas para vistos de estudante para considerar maneiras de eliminar candidatos considerados como potenciais riscos à segurança nacional dos EUA.

Leia também: Se os EUA abandonarem Harvard, outros países vão atrair os seus talentos

O telegrama de sexta-feira ordenou os novos procedimentos de verificação para todos os estrangeiros que querem visitar Harvard, incluindo “estudantes em potencial, estudantes, professores, funcionários, prestadores de serviço, palestrantes convidados e turistas.”

PUBLICIDADE

O governo Trump havia buscado anteriormente barrar Harvard de aceitar qualquer estudante estrangeiro — uma decisão que foi bloqueada pelos tribunais.

O telegrama ordena que oficiais consulares examinem minuciosamente os perfis de redes sociais de candidatos em potencial e ordenem que eles mudem suas contas de redes sociais para públicas para que os entrevistadores possam ver o que há nelas. A ausência de postagens online pode ser usada contra eles, disse Rubio.

“Oficiais consulares devem considerar se a falta de qualquer presença online, ou ter contas de redes sociais restritas a ‘privado’ ou com visibilidade limitada, pode ser reflexo de evasividade,” acrescentou o secretário.

PUBLICIDADE

A agência Reuters reportou a existência do mais recente telegrama mais cedo na sexta-feira.

O Departamento de Estado se recusou a comentar na sexta-feira. A medida é o mais recente ataque em um confronto contínuo entre a Casa Branca e Harvard que se transformou em um ataque maior sobre o papel do ensino superior americano.

A campanha alarmou advogados e defensores da liberdade de expressão, que argumentam que o ataque de Rubio às opiniões das pessoas pode violar seus direitos.

PUBLICIDADE

“Parece um pouco como uma situação onde você se dá mal se fizer e se dá mal se não fizer,” disse Greg Lukianoff, presidente e diretor-executivo da Fundação para Direitos Individuais e Expressão, que defende a liberdade de expressão em campi universitários.

Ele escreveu um artigo publicado na sexta-feira na revista Atlantic que descreveu as ações do governo contra Harvard como “flagrantes e inconstitucionais.”

“Eu não havia realmente pensado sobre a ideia de que se você posta em redes sociais e diz coisas que o governo não gosta, você pode ter problemas — mas também se você conspicuamente não posta ou tenta mantê-las privadas você também pode ter problemas,” ele disse.

Sofia Cope, advogada da Electronic Frontier Foundation (EFF), disse que penalizar um potencial estudante ou visitante estrangeiro por não ser ativo em redes sociais ou manter sua presença online protegida do público geral é um abuso flagrante de poder pelo governo.

Estudantes internacionais representaram 5,9% da população total do ensino superior americano de quase 19 milhões. No ano letivo 2023-2024, mais de 1,1 milhão de estudantes estrangeiros vieram aos EUA, com a Índia enviando o maior número, seguida pela China.

A verificação de estudantes estrangeiros para vistos já é um processo rigoroso, exigindo que os candidatos comprovem credenciais acadêmicas sólidas, meios financeiros, vínculos com seu próprio país e a intenção de retornar para casa após a graduação, de acordo com David Leopold, um advogado de imigração baseado em Cleveland.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Trump escala ataque a Harvard e anuncia novo corte de US$ 450 milhões em verbas

Harvard é impedida pelo governo Trump de receber novos financiamentos para pesquisa