Governo Milei encerra investigação sobre escândalo cripto com token Libra

Unidade havia sido criada para apurar suspeitas de manipulação com o token Libra promovido por Milei e ligado a sua campanha eleitoral

O fechamento da UTI encerra a investigação interna do governo sobre o assunto (Foto: Kent Nishimura/Bloomberg)
Por Ignacio Olivera
20 de Maio, 2025 | 01:16 PM

Bloomberg — O governo argentino desmantelou a Força-Tarefa de Investigação (UTI), um órgão criado há apenas três meses para investigar o escândalo da criptomoeda Libra e os papéis do presidente Javier Milei e de sua irmã Karina, de acordo com um decreto publicado no diário oficial.

A decisão foi assinada por Milei e pelo Ministro da Justiça Mariano Cúneo Libarona.

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A força-tarefa foi encarregada de investigar alegações de irregularidades depois que Milei promoveu publicamente o token criptográfico Libra no X em fevereiro, fazendo com que o valor da moeda subisse e depois caísse.

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A unidade “cumpriu as funções que lhe foram atribuídas”, de acordo com o decreto. O fechamento da UTI encerra a investigação interna do governo sobre o assunto.

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A UTI foi criada em meio à crescente pressão política depois que surgiram relatos de que um punhado de carteiras que controlavam a maioria dos tokens da Libra havia sido vendido após a publicação de Milei, fazendo com que a moeda despencasse.

Muitos investidores de varejo apresentaram queixas, alegando que haviam sido enganados pelo que acreditavam ser um esquema de manipulação de mercado no qual figuras do alto escalão do governo poderiam estar envolvidas.

As responsabilidades da UTI incluíam a coleta de documentos de órgãos públicos e internacionais, a resposta a solicitações judiciais e a sinalização de quaisquer tentativas de manipulação de provas.

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As consequências da controvérsia sobre a Libra também levaram o Congresso a criar um comitê especial de investigação em abril.

Embora composto por 28 legisladores, o comitê ainda não iniciou os procedimentos formais. O ministro da Justiça, Cúneo Libarona, e o ministro da Economia, Luis Caputo, foram convocados a comparecer em 14 de maio, mas não compareceram.

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O escândalo de Libra provocou meses de críticas da oposição, que questionou a transparência da relação entre o cargo público e os negócios privados de Milei.

Durante sua campanha eleitoral de 2023, quando era congressista, Milei e sua irmã Karina organizaram jantares com líderes empresariais, nos quais arrecadaram US$ 20.000 dos convidados.

Os pagamentos foram recebidos em dinheiro, sem documentação, e não estão incluídos nos relatórios financeiros da campanha de Milei.

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