George Santos, filho de brasileiros, tem mandato de deputado cassado nos EUA

Câmara dos EUA votou a favor da cassação do deputado, acusado de falsidade e mau uso do dinheiro público; saída pode reduzir a maioria republicana na casa

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Bloomberg — A Câmara dos Estados Unidos cassou o mandato de George Santos, encerrando uma breve, mas tumultuada, passagem na política americana do deputado filho de brasileiros que agora enfrenta acusação criminal por fraude, roubo e mentiras ao governo.

A votação bipartidária de 311-114 nesta sexta-feira (1º) para remover o mandato do republicano de Nova York ultrapassou a maioria de dois terços exigida pela Constituição para expulsar um membro do Congresso.

Foi a terceira tentativa dos críticos de cassar o mandato de Santos. Muitos republicanos que bloquearam sua expulsão mudaram de lado após uma investigação do Comitê de Ética acolher novas alegações de roubo e desvio de verba contra ele.

Santos, que deixou a Câmara antes da conclusão da votação, é o primeiro deputado a ser expulso desde a cassação do democrata James Traficant, eleito por Ohio, em 2002 e apenas o sexto na história dos EUA.

“Acabou. Qual é a reação?”, Santos disse quando questionado sobre sua resposta. Ele então disse aos repórteres que não precisava responder às perguntas porque não era mais membro do Congresso.

A Câmara tipicamente ruidosa ficou em silêncio após a votação, seguida por aplausos esparsos.

Republicanos enfraquecidos

Sua saída cria uma vaga em um distrito de Long Island inclinado para os democratas e ameaça a estreita maioria republicana na Câmara, onde o presidente da casa, Mike Johnson, terá um voto confiável a menos. O líder, que votou contra a expulsão, agora não pode perder mais do que três votos de deputados republicanos para garantir a vitória.

Os principais aliados de Johnson, incluindo Steve Scalise, Tom Emmer e Elise Stefanik, também votaram contra a expulsão de Santos. No entanto, 105 republicanos, quase metade do partido, acabaram se juntando à maioria dos democratas para expulsar o nova-iorquino.

“Isso foi uma questão de clareza moral”, disse o republicano de Nova York, Mike Lawler. “Ele não era apto para servir.”

Os eleitores no noroeste do Queens e no norte do condado de Nassau preencherão a vaga por uma eleição especial em um distrito onde o presidente Joe Biden venceu por oito pontos em 2020. A eleição será realizada dentro de 90 dias em uma data a ser anunciada pela governadora de Nova York, Kathy Hochul.

Os partidos políticos de Nova York selecionarão seus candidatos para a eleição especial sem uma primária. Os democratas se consolidam em torno do ex-representante Tom Suozzi, enquanto o ex-vice-presidente do JPMorgan Chase, Kellen Curry, recebeu apoio no lado republicano.

Acusações contra George Santos

A cassação de Santos marca o clímax de uma saga política que fascinou comediantes da TV americana e levantou questões sobre como um candidato que fez campanha com falsidades sobre sua biografia poderia ser eleito para um cargo federal com pouca verificação pelos partidos políticos ou pela mídia.

O painel de ética da Câmara liderado pelos republicanos no mês passado acrescentou acusações contra ele, concluindo que ele havia usado fundos de campanha para financiar uma lua de mel em Las Vegas, tratamentos de botox, uma compra na Hermes de US$ 4.127 e compras em sites associados à pornografia.

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