Fed mantém taxa de juros pela 5ª vez; projeções apontam para três cortes em 2024

Decisão do banco central americano era amplamente esperada por economistas de Wall Street; previsão mediana para a taxa de juros em 2025 subiu de 3,6% para 3,9%

Investidores buscam sinais sobre quando ciclo de corte das taxas irá se iniciar
20 de Março, 2024 | 03:20 PM

Bloomberg Línea — O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve, decidiu manter a taxa de juros dos Estados Unidos inalterada nesta quarta-feira (20), no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano. O movimento de manutenção, o quinto consecutivo, era amplamente esperado por economistas de Wall Street.

No comunicado divulgado junto com a decisão, o Fomc reiterou que espera ter mais confiança de que a inflação atingirá a meta de 2% antes de um corte dos juros.

“O Comitê não espera que seja apropriado reduzir a taxa até que tenha adquirido maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção aos 2%”, escreveu o banco central americano no comunicado.

Após a decisão, os índices acionários dos EUA, que operavam no campo negativo nesta quarta, viraram para alta. Por volta das 15h15 (horário de Brasília), o S&P 500 subia 0,28%, enquanto o Nasdaq, com grande exposição ao setor de tecnologia, tinha ganhos de 0,49%. O dólar caía 0,81% a R$ 4,99 e o Ibovespa (IBOV) subia 0,77%.

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O “gráfico de pontos”, ou “dot plot”, das projeções de taxas do Fomc mostra uma expectativa de três cortes de 0,25 ponto percentual em 2024, semelhante ao ciclo anterior de previsões trimestrais em dezembro. No entanto, a previsão mediana para 2025 subiu para 3,9%, de 3,6%.

Os membros do Fomc também elevaram as previsões para onde eles veem as taxas se estabilizando a longo prazo, aumentando sua estimativa mediana para 2026 para 2,6%, ante 2,5% anteriormente. A mudança implica que as taxas precisarão permanecer mais altas por mais tempo no futuro.

Combate à inflação

Os funcionários do Fed estão relutantes em reduzir as taxas até terem certeza de que a inflação está se aproximando da meta. Um recente aumento na taxa de desemprego para o nível mais alto em dois anos, contudo, significa que eles precisarão equilibrar sua atenção tanto nos preços quanto no mercado de trabalho.

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Os swaps de taxa de juros agora refletem as expectativas do mercado de menos de três cortes de 0,25 ponto percentual nas taxas este ano. Isso é menos do que a projeção mediana do Fed em dezembro e está abaixo das seis reduções que estavam precificadas no final de 2023.

Autoridade monetária pode dar novas pistas sobre rumo dos juros em coletiva nesta quartadfd

Para o primeiro corte, os investidores já não estão confiantes de que isso acontecerá sequer no primeiro semestre do ano.

Em coletiva de imprensa nesta tarde, o presidente Jerome Powell evitou responder quando questionado se os funcionários reduziriam as taxas em suas próximas reuniões de maio ou junho, repetindo que o primeiro corte provavelmente seria “em algum momento deste ano”.

Ele praticamente desconsiderou os dados recentes mostrando um aumento na inflação nos últimos meses, dizendo: “Ainda é provável, na visão da maioria das pessoas, que alcancemos essa confiança e que haja cortes nas taxas”.

Ao mesmo tempo, ele disse que os dados apoiaram a abordagem cautelosa do Fed em relação ao primeiro corte de taxa e acrescentou que os formuladores de políticas monetárias ainda estão buscando mais evidências de que a inflação está se dirigindo à meta de 2%.

Em depoimento ao Congresso neste mês, Powell disse que o banco central estava “não muito distante” do nível de confiança necessário sobre a inflação para começar a reduzir as taxas.

Essa visão foi mais encorajadora do que a maioria de seus colegas, que enfatizaram que serão pacientes ao considerar quaisquer cortes.

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-- Atualização às 17h (horário de Brasília) após coletiva com Jerome Powell.

-- Com informações da Bloomberg News.

Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.