Críticas de instituto chinês à cúpula do G20 expõem aumento de tensões com Índia

Encontro de 20 das maiores economias do mundo na Índia não contou com a presença do presidente chinês, Xi Jinping

Logo do G20 em encontro na Índia: país asiático ocupa a presidência rotativa do bloco neste ano (Foto: Dhiraj Singh/Bloomberg)
Por Bloomberg News
09 de Setembro, 2023 | 10:55 AM

Bloomberg — Um think tank chinês, o Instituto de Relações Internacionais Contemporâneas, afiliado à principal agência de espionagem do país, publicou uma crítica veemente à Índia horas antes de os líderes do G20 se encontrarem em Nova Deli, acusando o anfitrião da cúpula de promover sua própria agenda e causar supostas divergências.

No comentário, a agência lamentou que a Índia tenha realizado duas sessões anteriores do G20 (grupo que reúne 20 das maiores economias do mundo, entre países desenvolvidos e emergentes) em territórios disputados: uma em Arunachal Pradesh, que a China também reivindica, e outra em Caxemira, cuja posse é contestada pelo Paquistão.

A medida teria “sabotado o ambiente de cooperação no G20″, disse o Instituto de Relações Internacionais Contemporâneas da China em sua conta oficial no WeChat neste sábado (9).

A postagem revela uma possível explicação para a decisão do presidente Xi Jinping de se ausentar da cúpula, organizada pelo primeiro-ministro Narendra Modi, depois que o Ministério das Relações Exteriores se recusou a explicar a ausência. O primeiro-ministro Li Qiang representa a China na cúpula.

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Li disse na sessão da manhã que o G20 “necessita de unidade em vez de divisão, cooperação em vez de confronto e inclusão em vez de exclusão”, segundo a agência oficial de notícias Xinhua.

Em seu artigo, o think tank também acusou a Índia de deixar intencionalmente a China e o Brasil de fora ao hospedar um evento online para o Sul Global, a fim de construir sua própria influência entre os países em desenvolvimento.

Nova Deli também foi criticada por usar o G20 como plataforma para disseminar a narrativa de que Pequim está estabelecendo “armadilhas de dívida” com seus empréstimos a países em desenvolvimento.

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A busca da Índia por sua própria agenda poderia “aumentar ainda mais as divergências e divisões, bloqueando a comunidade internacional de alcançar um consenso e realizações substanciais, o que eventualmente prejudicaria sua própria imagem e causaria danos ao desenvolvimento global”, afirmou o think tank.

O governo da Índia não comentou as declarações do think tank da China.

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