Bloomberg Línea — Há poucas semanas, quando o italiano Carlo Ancelotti viajou para o Brasil para assumir o comando da seleção brasileira de futebol, ele chegou ao Rio de Janeiro, vindo de Madri, a bordo de um jato executivo da Bombardier.
A aeronave fretada que trouxe o treinador mais vitorioso do futebol mundial - cinco troféus da Champions League, entre outros - era um Global 7500, cujo preço de um modelo novo chega a US$ 75 milhões.
No Brasil, esse jato chamado por muitos de “Ferrari dos céus” se tornou uma das principais apostas da fabricante canadense para elevar suas vendas, não só por causa da velocidade e da autonomia para viagens intercontinentais como pelo espaço interno e pelo acabamento de luxo, entre outras características.
O Global 7500 é considerado ideal por especialistas em aviação para operar em condições climáticas adversas e recomendado para viagens de longa distância a partir de São Paulo para destinos estratégicos como Dubai, Londres, Tel Aviv, Nova York e Genebra, segundo a Bombardier.
“Estamos prestes a certificar o Global 8000, que será lançado ainda neste ano e o substituirá”, disse Michael Anckner, VP Global da Bombardier para Seminovos, Frota, Defesa e América Latina, à Bloomberg Línea.
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O executivo conversou durante o Catarina Aviation Show, evento da aviação executiva realizado pela JHSF (JHSF3) em seu aeroporto privado em São Roque, no interior do estado de São Paulo e próximo do Fazenda Boa Vista.
O executivo disse que a maioria dos jatos da companhia canadense tem sido adquirida por meio de empresas, cujos donos usam as aeronaves como parte da estratégia de negócios, o que inclui relacionamento e transporte.
“Os empresários compram um jato para ajudar a expandir seus negócios. Um deles disse que a aeronave ‘deu asas’ ao seu empreendimento. Eles usam como uma ferramenta de negócios. Isso é incrível”, contou o VP da Bombardier.
O Global 7500 é a maior aeronave da frota da Bombardier e coleciona relatos de passageiros sobre o conforto de seus espaços, como o sistema de iluminação projetado para ajudar a reduzir os efeitos da fadiga em viagens longas com fusos horários diferentes, como foi o caso com Ancelotti.
“É o voo mais tranquilo que você pode comprar no mercado atualmente”, disse Anckner.
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Em meio à visibilidade do jato que trouxe o novo técnico da seleção brasileira, a Bombardier escolheu o Global 7500 para exibição no Catarina Aviation Show.
O executivo citou o agronegócio, que colheu uma safra recorde neste ano, como um dos principais motores de crescimento das vendas de jatos no Brasil. Ele disse que há uma redução da concentração geográfica dos novos clientes.
“Antes, os negócios no Brasil eram mais focados em São Paulo. Nos últimos cinco anos, vimos um crescimento em todo o país, principalmente no agronegócio e em outros setores. Hoje há mais equilíbrio”, afirmou o VP global.
Essa mudança no perfil dos compradores brasileiros de aeronaves não chega a ser tratada como um desafio para a Bombardier do ponto de vista de oferta.
“Uma das nossas características é que temos uma frota de aeronaves para atender a todas as suas necessidades”, disse Anckner.
Recuperação das vendas
“As vendas de jatos estão bem fortes no Brasil no momento. Sentimos que a recuperação se deu um pouco mais tarde do que em alguns países devido à pandemia de Covid, mas as coisas melhoraram e agora vimos uma aceleração nos últimos 12 a 18 meses”, afirmou o executivo.
Além do Global 7500, a Bombardier levou à quarta edição da feira da JHSF o Challenger 3500, que custa quase US$ 30 milhões.
Os dois modelos escolhidos para o evento lideram seus segmentos nas categorias de jatos de ultra longo e médio alcance, segundo a Bombardier.
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O Challenger 3500 faz rotas como São Paulo–San Juan (Porto Rico) ou São Paulo–Cidade do Panamá, assim como voos para a maioria dos destinos europeus com uma escala.
“O Challenger 3500 é o nosso modelo de entrada, é uma aeronave supermédia. Ele voa para os EUA ou para a Europa com uma única escala.”
Troca por nova versão do jato
A expectativa da Bombardier é que o apelo das qualidades do Global 7500 junto ao cliente seja ampliado com a chegada do Global 8000, atualmente em fase final de desenvolvimento e com previsão de início das operações ainda em 2025.
A empresa acabou de fazer um voo inaugural da primeira unidade de produção, agora em maio, e foi considerado um sucesso, segundo a companhia.
A fabricante aposta que os atuais proprietários do Global 7500 serão estimulados a trocar esse jato pelo novo modelo devido às melhorias da versão 8000.
A Bombardier promete emitir um comunicado oficial com instruções para realizar a atualização, mesmo com a previsão de um tempo de espera.
“Assim que o 8000 for lançado, haverá um boletim de serviço avisando que, se o cliente comprou um 7500, poderá transformá-lo em um 8000 com um pequeno atraso”, explicou Anckner.
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