T. Rowe Price lança fundo de ‘blue bonds’ com apoio de herdeiro do Walmart

Gestora americana obteve financiamento da plataforma de impacto de Lukas Walton para um fundo de até US$ 500 milhões que apoiará investimentos em temas como segurança hídrica e proteção marinha em mercados emergentes

A preservação da fauna marinha é um dos objetivos de novo fundo lançado pela gestora T. Rowe Price (Foto: Mario Tama/Getty Images)
Por Natasha White - Esteban Duarte
15 de Setembro, 2025 | 01:48 PM

Bloomberg — O T. Rowe Price Group conseguiu financiamento da plataforma de impacto do herdeiro do Walmart Lukas Walton para um novo fundo de títulos corporativos, que apoiará investimentos em temas como segurança hídrica e proteção marinha em mercados emergentes.

A meta é atrair até US$ 500 milhões para a nova estratégia, de acordo com Samy Muaddi, diretor de renda fixa de mercados emergentes da gestora de ativos com sede em Baltimore, no estado americano de Maryland.

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A Builders Vision, uma plataforma de impacto fundada por Walton, e a empresa de tecnologia da água Xylem estão entre os primeiros investidores que contribuíram com um total de US$ 200 milhões, disse a T. Rowe em um comunicado enviado por e-mail à Bloomberg News.

A T. Rowe, que lança a estratégia juntamente com a International Finance Corporation (IFC) - o “braço” do setor privado do Banco Mundial - espera que os investidores obtenham retornos anuais de até 400 pontos-base acima dos títulos do Tesouro dos EUA, disse Muaddi.

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“Estamos tentando catalisar um compromisso de capital do setor privado com a blue finance, que, de outra forma, talvez não acontecesse sem esse tipo de parceria inovadora”, disse Muaddi em uma entrevista à Bloomberg News.

Os blue bonds - títulos azuis em tradução literal -, emitidos pela primeira vez pelo Banco Mundial em 2018, foram criados para canalizar capital para projetos que abordem ameaças que abrangem a poluição da água, a pesca excessiva e os efeitos das mudanças climáticas nos oceanos e rios.

Muitos desses desafios são mais pronunciados no mundo em desenvolvimento, que tem se esforçado para atrair o financiamento necessário para gerenciar esses riscos.

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O lançamento do fundo “é um passo fundamental na construção de uma economia azul mais forte - uma economia que proteja os recursos hídricos, impulsione o investimento e crie empregos de qualidade em todos os mercados emergentes”, disse Mohamed Gouled, vice-presidente de indústrias da IFC, em um comunicado enviado por e-mail.

T. Rowe e a IFC revelaram pela primeira vez sua Estratégia de Títulos de Economia Azul para Mercados Emergentes em novembro de 2023.

O mercado de títulos azuis está atualmente avaliado em cerca de US$ 20 bilhões, dos quais os emissores de mercados emergentes representam cerca de 15%, de acordo com estimativas fornecidas pela T. Rowe.

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É possível que haja até US$ 2,5 bilhões em novas emissões de blue bonds corporativos de mercados emergentes nos próximos 12 a 18 meses, disse Matt Lawton, chefe de renda fixa de impacto da T. Rowe e co-gestor do fundo de blue bonds junto com Muaddi.

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Exemplos recentes de empresas de mercados emergentes que venderam blue bonds incluem a Sabesp (SBSP3), cuja emissão de um título de US$ 500 milhões com prazo de cinco anos foi coordenada por Goldman Sachs, Itaú Unibanco e JPMorgan Chase.

Atrair investidores para produtos financeiros que abordem a conservação da água continua sendo um desafio, e “não vamos preencher essa lacuna sem o setor privado”, disse Muaddi.

A T. Rowe avança com seu fundo de títulos azuis em um cenário de crescente hostilidade em relação às finanças sustentáveis nos EUA.

A gestora de ativos havia planejado inicialmente levantar mais de US$ 500 milhões até o final do ano passado para sua estratégia de títulos azuis, mas acabou adiando esse cronograma.

“Estamos tentando construir um mercado de capitais que não existe”, disse Muaddi. “Estamos tentando alinhar a capacidade de originar o título com a demanda do cliente.”

Mas, nos últimos 12 meses, houve “uma aceleração do tema água” e “estamos muito confiantes de que as finanças azuis ainda são uma área de crescimento secular”, disse ele. “A água tem sido um tema muito unificador em nossa base de clientes.”

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