Nova gestora com foco em clubes femininos negocia aporte na Inglaterra

Mercury13, liderada por Victoire Reynal, busca acordo com o Lewes, cuja operação destina recursos de forma igualitária entre os times masculino e feminino de futebol

Partida entre Suíça e Filipinas pela Copa do Mundo feminina de futebol, que acaba de ser disputada na Oceania
Por David Hellier
24 de Agosto, 2023 | 12:42 PM

Bloomberg — A Mercury 13, uma empresa de investimentos recém-fundada que mira participações em clubes de futebol feminino, negocia seu primeiro acordo.

A empresa liderada pela empreendedora de tecnologia Victoire Cogevina Reynal está em negociações exclusivas para adquirir uma fatia no time feminino do Lewes FC, um pequeno clube controlado por torcedores nos arredores de Brighton, na costa sul da Inglaterra, segundo comunicado nesta quinta-feira (24).

O Lewes tem times de futebol masculino e feminino, que contam com recursos igualmente divididos, uma abordagem rara no esporte.

“O Lewes foi uma escolha clara, porque representa muitos princípios fundamentais de como acreditamos que um clube feminino deve ser administrado”, disse Cogevina Reynal no comunicado.

PUBLICIDADE

A empreendedora lança a Mercury 13 no momento em que o interesse e o dinheiro para o futebol feminino estão em alta e após uma Copa do Mundo considerada de sucesso realizada na Austrália e Nova Zelândia.

A empresa busca captar US$ 100 milhões para apostar na propriedade de vários clubes na Europa e na América Latina, informou a Bloomberg News na semana passada.

“Todas as ligas femininas na Europa estão ainda em sua ‘infância’ e, ao operar simultaneamente com os clubes locais, a Mercury 13 será capaz de ter um impacto muito maior no domínio comercial/patrocínio, na transmissão, no desenvolvimento de jogadoras e, num futuro próximo, nas comissões de transferência”, disse Cogevina Reynal em outro comunicado enviado por e-mail.

PUBLICIDADE

Modelo multiclubes

Um acordo com o time feminino do Lewes dependerá de a Mercury 13 conseguir convencer seus proprietários de que fazer parte de um modelo multiclubes vai resultar em mais sucesso financeiro e em campo.

Os defensores do modelo comemoram os benefícios de longo prazo do compartilhamento de jogadores e de acordos de patrocínio mais lucrativos, enquanto críticos dizem que o sistema sufoca a competição e cria uma espécie de subclubes.

A CEO do Lewes, Maggie Murphy, vai iniciar um período de consulta sobre um acordo com a Mercury 13 com proprietários e outras partes interessadas nesta quinta-feira.

“Queremos fazer isso de forma colaborativa”, disse Murphy em entrevista. O conhecimento e a experiência da Mercury 13 ofereceram uma grande oportunidade para o Lewes, disse, embora tenha reconhecido que “a mudança é sempre um desafio”.

O time de mulheres do Lewes compete na segunda divisão do futebol feminino profissional da Inglaterra. Joga no The Dripping Pan, um pequeno estádio usado pelo Lewes desde sua fundação em 1885.

A hospitalidade corporativa no local vem na forma de cabanas de praia. Murphy disse que a média de público em jogos femininos subiu de cerca de 100 torcedores por partida em 2017 para cerca de 700 na temporada passada. Em março, um jogo da FA Cup Feminina contra o Manchester United atraiu um público recorde de mais de 2.800 pessoas.

Entre os envolvidos com a Mercury 13 estão Eniola Aluko, ex-jogador de futebol profissional da Inglaterra, o consultor da indústria esportiva Michael Broughton e o ex-executivo da FIFA Luis Vicente, de acordo com o comunicado de quinta-feira.

PUBLICIDADE

Cogevina Reynal lançou anteriormente o Gloria, um aplicativo de futebol que foi vendido para a plataforma de mídia OneFootball no ano passado. Antes do Gloria, a empresária co-fundou a agência de futebol SR All Stars.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Copa do Mundo feminina é a maior da história. Mas ainda ‘falta’ US$ 1,4 bilhão

PUBLICIDADE

Espanha vence a Inglaterra e conquista sua 1ª Copa do Mundo Feminina

©2023 Bloomberg L.P.