Por que o Banco Central reduziu a previsão de crescimento da economia para 2024

Diretores do BC, liderados por Campos Neto, agora veem expansão de 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem

Por

Bloomberg — O Banco Central reduziu a previsão de crescimento econômico para 2024 à medida que o forte consumo das famílias diminui diante da política monetária restritiva.

O banco espera que o Produto Interno Bruto (PIB) expanda 1,7% no próximo ano, em comparação com a estimativa de setembro de 1,8%. De acordo com o relatório trimestral de inflação publicado nesta quinta-feira (21), espera-se que a atividade cresça 3% em 2023, acima da previsão anterior de 2,9%.

“O cenário prospectivo inclui um ritmo acelerado de crescimento ao longo de 2024, com moderação do consumo das famílias, recuperação dos investimentos e um balanço de contas externas ainda favorável”, escreveu a equipe do BC no relatório.

Para os últimos meses de 2023, eles esperam um recorde de superávit da balança comercial que ajudará a balança de pagamentos do país.

A economia brasileira perdeu força nos últimos meses deste ano devido ao efeito das altas taxas de juros. Ainda assim, a maioria dos analistas prevê uma expansão da atividade próxima a 3% em 2023, após safras recordes e forte consumo impulsionarem o crescimento além das previsões.

A demanda se mostrou resiliente à medida que o poder de compra das famílias cresceu devido ao aumento dos gastos do governo, inflação mais baixa e mercado de trabalho sólido.

Indicadores de outubro deram os últimos sinais de uma retração econômica. O IBC-Br, índice de atividade do Banco Central que serve como uma prévia do PIB, caiu pelo terceiro mês consecutivo, enquanto as vendas no varejo caíram inesperadamente e a produção industrial quase não cresceu. A maioria dos analistas aposta em um crescimento de 1,5% no próximo ano.

Diretores do BC liderados por Roberto Campos Neto disseram que os sinais recentes de desaceleração da atividade estão “em linha” com suas estimativas, embora tenham expressado preocupação com o declínio dos investimentos privados.

Eles sinalizaram que estão confortáveis com um ciclo de afrouxamento monetário gradual, continuando com cortes de meio ponto percentual. A sequência de cortes da Selic já reduziu a taxa de juros básica em dois pontos percentuais, para 11,75%.

No futuro, a economia do Brasil pode receber um impulso nos investimentos privados nos próximos anos, após a equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva negociar e garantir a aprovação de uma reforma tributária há muito esperada, levando a S&P Global Ratings a elevar o rating de crédito soberano do país.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Kinea cresce perto de R$ 50 bi no ano e a receita é manter a cautela, diz CEO

Itaú e Bradesco crescem com migração de fortunas da América Latina para Miami