Juros altos por mais tempo: JGP vê Selic em 15% ao ano e corte só em abril de 2026

Fernando Rocha, economista-chefe e sócio, diz em entrevista à Bloomberg News que o Copom deve fazer mais um aumento de 0,25 ponto percentual antes de interromper o ciclo de alta

BC só começará a cortar os juros em abril de 2026, bem depois do que o mercado precifica atualmente, avalia Rocha. (Foto: Gustavo Minas/Bloomberg)
Por Felipe Saturnino
12 de Maio, 2025 | 03:50 PM

Bloomberg — O Banco Central deve promover uma última alta da Selic na reunião do Copom em junho, de 0,25 ponto percentual, já que expectativas de inflação permanecem distantes da meta e a atividade segue em ritmo forte, diz Fernando Rocha, economista-chefe e sócio da JGP Asset Management.

Rocha enxerga a elevação final da Selic, que deve terminar o aperto em 15%, como uma “sintonia fina” do ciclo.

PUBLICIDADE

“O fato de dizer que se manterá vigilante e de citar calibragem dá impressão de que vai fazer um pouquinho mais, abre essa possibilidade”, afirma Rocha, em entrevista à Bloomberg News, ao mencionar o comunicado da decisão do Copom.

Leia também: De Itaú a Santander, economistas de bancos veem o fim do ciclo de alta da Selic

Na semana passada, o BC elevou a Selic em 0,50 pp, para 14,75%, e analistas interpretaram que ficou em aberto a possibilidade de mais um aumento adicional ou o final do ciclo de aperto monetário.

PUBLICIDADE

Rocha avalia que o BC só começará a cortar os juros em abril de 2026, bem depois do que o mercado precifica atualmente — a curva dos juros futuros aponta queda de cerca de 0,25pp no fim do ano.

“Para ter um ambiente favorável a corte de juros e começar esse ciclo, a expectativa de inflação da Focus de um ano à frente tem que estar mais perto da meta, em pelo menos 3,5%”, disse Rocha. A Focus mais recente indicou uma mediana de IPCA de 4,5% para o próximo ano.

A previsão do economista é que, até por volta de abril do próximo ano, as expectativas para 2027 já estejam em trajetória descendente e se situem mais perto do nível do patamar de 3% perseguido pela autoridade monetária.

PUBLICIDADE

Rocha aponta que o cenário descrito pelo Copom continua a ser de expectativas desancoradas, prescrevendo juro em patamar significativamente contracionista por período prolongado, conforme o comunicado da semana passada.

“O que o BC parece dizer é que a Selic chegou em um patamar alto e que vai deixar a taxa nesse lugar por algum tempo”, afirma. “É um sinal de ‘alto por mais tempo’.”

Ata e acordo EUA-China

Segundo Rocha, o BC irá manter em aberto a sinalização dos próximos passos e reforçar que o ciclo está perto do fim, na ata do Copom que será divulgada nesta terça-feira. “Daqui para a frente, os movimentos têm que ser feitos com cautela.”

PUBLICIDADE

Para o economista, o fato de os EUA terem reduzido as tarifas para a China, ainda que pelo prazo de 90 dias, neutraliza parte dos efeitos “supostamente deflacionários” para a economia. “De qualquer forma, essas decisões podem ser revertidas a qualquer momento, o que reforça a incerteza”, afirma Rocha.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Mercado reduz apostas em cortes de juros pelo Fed após trégua entre EUA e China

Trump fala, a bolsa reage: S&P 500 tem alta histórica após ele sugerir comprar ações