Copom: ata cita maior incerteza fiscal e importância de perseguir essas metas

Comitê também disse antever novos cortes de 0,50 pp da Selic nas próximas reuniões, após ter reduzido a taxa básica de juros para 12,25% ao ano na última quarta-feira (1º)

Prédio do Banco Central em Brasília
07 de Novembro, 2023 | 08:32 AM

Bloomberg Línea — O Banco Central divulgou na manhã desta terça-feira (7) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidiu na semana passada pelo corte de 0,50 ponto percentual da Selic, pela terceira vez consecutiva, para 12,25% ao ano. A decisão foi unânime.

Conforme sinalizado no comunicado divulgado junto com a decisão de quarta-feira (1º), o documento confirma a expectativa de redução de 0,50 pp dos juros nas “próximas reuniões”. A avaliação é de que “esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.

Com relação à cena fiscal doméstica, o Comitê escreve que vinha avaliando que a incerteza fiscal se concentrava sobre a execução das metas que tinham sido apresentadas, mas que nota agora que “cresceu a incerteza em torno da própria meta estabelecida para o resultado fiscal, o que levou a um aumento do prêmio de risco”.

“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas.”

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Os membros do Copom também reiteraram o aumento da incerteza no cenário global, em função da elevação das taxas de juros de prazos mais longos nos Estados Unidos, da resiliência dos núcleos de inflação em níveis ainda elevados em diversos países e de novas tensões geopolíticas. Esse cenário, segundo eles, exige cautela.

“Um membro avalia que o cenário externo introduz um viés assimétrico altista no balanço de riscos para a inflação. Os demais membros avaliam que o cenário internacional afeta primordialmente o grau de incerteza relativo ao balanço de riscos”, diz a ata.

Já no que se refere à atividade econômica brasileira, o Copom segue antecipando uma desaceleração da atividade econômica ao longo do segundo semestre, após as surpresas no crescimento observadas nos primeiros seis meses do ano.

O Comitê, contudo, mostra preocupação com as expectativas de inflação: “As expectativas de inflação seguem desancoradas e são um fator de preocupação. O Comitê avalia que a redução das expectativas requer uma atuação firme da autoridade monetária, bem como o contínuo fortalecimento da credibilidade e da reputação tanto das instituições como dos arcabouços fiscal e monetário que compõem a política econômica brasileira.”

Os investidores monitoram nos próximos dias novos dados de inflação, como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro, que será divulgado nesta sexta-feira (10).

Em nota, David Beker, chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do Bank of America (BAC), destaca que a ata enfatizou os efeitos defasados do ciclo de aperto monetário e do aperto de crédito local. “As expectativas de inflação acima da meta e a continuidade da desinflação foram apontadas como os principais motivos para o corte de 0,50pp.”

O Bank of America mantém previsão de cortes de meio ponto percentual por reunião, com a taxa Selic atingindo 11,75% até o final de 2023 e 9,50% até o final de 2024.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.