Evertec vê novas oportunidades em M&A após aquisição da Sinqia, diz CEO

Mac Schuessler, CEO da Evertec, diz em entrevista à Bloomberg Línea que negócio reforça a estrutura da companhia para a estratégia de crescimento por meio de aquisições

Escritório da Sinqia no Brasil: CEO Bernardo Gomes segue no comando mesmo após venda para a Evertec
07 de Novembro, 2023 | 05:00 AM
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Bloomberg Línea — A compra da brasileira Sinqia (SQIA3) por cerca de R$ 2,5 bilhões representa para a porto-riquenha Evertec (EVTC), listada na NYSE, a Bolsa de Nova York, a oportunidade de usar as receitas combinadas para fazer novas aquisições no Brasil ou em outros países de atuação da empresa, disse o CEO, Mac Schuessler.

Em entrevista à Bloomberg Línea, o executivo afirmou que a equipe de fusões e aquisições (M&A) da Sinqia vinha fazendo um bom trabalho por meio do seu braço de corporate venture capital (CVC), batizado de Torq.

Segundo ele, a experiência da equipe brasileira pode ser usada para dar continuidade à estratégia de aquisições. A própria Sinqia como é conhecida hoje foi formada a partir da compra de 24 empresas ao longo de sua história.

“Somos muito maiores do ponto de vista da receita [depois da aquisição da Sinqia]. Algumas centenas de milhões de dólares de Ebitda. Portanto, um dos benefícios é que geramos muito mais dinheiro do que eles, para que possamos continuar comprando empresas”, disse Schuessler após a conclusão da aquisição no último dia 1º de novembro.

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O valor da oferta da Evertec, anunciada em julho, foi de R$ 27,19 por ação ou aproximadamente US$ 591 milhões de acordo com o câmbio da época.

Fundada em 1996 por Antonio Luciano de Camargo Filho e Bernardo Francisco Pereira Gomes, a Sinqia fornece software e serviços para instituições financeiras, incluindo bancos, gestoras de fundos, corretoras, seguradoras, entre outras empresas. A companhia era chamada anteriormente de Senior Solution e passou por um processo de rebranding em 2019.

A empresa tinha como principal acionista a HIX Investimentos (12,15%), seguida pela Tarpon (7,82%), e por Camargo Filho (7,37%) e Gomes (6,45%). Os dois últimos ocupam a presidência do conselho e a presidência executiva (CEO), respectivamente.

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Assim como a Sinqia, a Evertec processa transações e fornece tecnologia financeira para seus clientes, com operações em 26 países da América Latina e no Caribe. A empresa teve faturamento de US$ 173 milhões no terceiro trimestre, um aumento de aproximadamente 19% em comparação com o mesmo período de 2022.

Segundo Schuessler, o CEO da Sinqia, Bernardo Gomes, continuará responsável pela gestão da empresa, se reportando diretamente a ele. A equipe no Brasil, por sua vez, em boa parte continua a se reportar a Gomes, para manter a agilidade e o foco no mercado brasileiro.

Uma das oportunidades a partir da combinação das empresas é a oferta de produtos da Evertec para clientes corporativos da Sinqia, o chamado cross-sell.

Um exemplo é o trabalho que a empresa faz com o iFood. O app de delivery usa a tecnologia da Evertec para sua base de 700 mil cartões para estabelecimentos. “A capacidade de vender esse tipo de produto para quase mil consumidores da Sinqia agora está combinada com a da Evertec. E muito dos produtos da Sinqia não vendemos fora do Brasil”, afirmou o CEO.

O executivo avaliou que ainda há um trabalho a fazer para integrar algumas das aquisições realizadas pela Sinqia nos últimos anos e disse esperar que a companhia continue a evoluir.

“O Brasil é um dos mercados mais importantes não só da América Latina mas do mundo inteiro. Portanto continuaremos a investir em produtos e na empresa [a Sinqia]”, disse.

Schuessler apontou que a empresa está focada em ampliar o acesso a serviços financeiros com foco no longo prazo. Segundo ele, essa é uma tendência que deve continuar independentemente dos ciclos econômicos e políticos da América Latina.

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“Nesses mercados, mais pessoas têm contas bancárias, podem contrair empréstimos, podem obter seguros e têm cartões. Todos defendem isso. Essas tendências continuarão a acontecer independentemente de eventos globais ou locais”, afirmou.

“Não temos muitas dívidas mesmo depois deste acordo. E, independentemente dos diferentes ciclos econômicos ou políticos, continuaremos a investir porque o objetivo é o crescimento. Queremos criar valor de longo prazo para nossos acionistas, funcionários e clientes.”

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups