Bloomberg Línea — A Marfrig e a BRF anunciaram ao mercado no início da noite desta quinta-feira (15) um acordo para unir as suas operações, em negócio que, se concretizado, dará origem a uma nova gigante global na indústria de carnes e de alimentos.
A notícia sobre a iminência do acordo foi dada pela Bloomberg News no fim da tarde desta quinta.
A nova companhia será denominada MBRF Global Foods Company, caso a operação seja aprovada pelos acionistas de ambas as companhias, em assembleias agendadas para 18 de junho, além de autoridades regulatórias.
Pelo acordo, a Marfrig (MRFG3), controlada pelo empresário Marcos Molina, fará a incorporação das ações que não possui na BRF (BRFS3) - a sua fatia atualmente é de 50,49% do capital.
Molina detém 72,07% do capital da Marfrig e será diluído para que a transação aconteça, mas seguirá como o principal acionista da nova companhia.
A relação de troca prevê que os acionistas da BRF (com exceção à Marfrig) receberão 0,8521 de ação ordinária de emissão da Marfrig para cada ação ordinária de emissão da BRF detida na data de consumação da incorporação.
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Haverá pagamento de dividendos e/ou juros sobre capital próprio no montante total de R$ 6,020 bilhões para os acionistas das duas companhias caso o negócio seja concretizado, dos quais R$ 3,52 bilhões pela BRF e R$ 2,50 bilhões pela Marfrig.
A nova empresa, sob a liderança de Molina, nasce com receitas líquidas combinadas de cerca de R$ 153 bilhões, já em cima dos números do primeiro trimestre no conceito dos últimos doze meses.
Para efeito de comparação, a JBS, líder mundial em produção e processamento de proteína animal, tem cerca de R$ 442 bilhões em receitas líquidas pelo mesmo critério.
A MBRF Global Foods será uma empresa com atuação relevante na produção e no processamento de carne bovina - a principal força da Marfrig -, de frangos e suína e presença global, em mais de cem mercados, e marcas conhecidas como Sadia, Perdigão e Bassi, entre outras.
“A incorporação de ações visa à criação de uma empresa global de alimentos com base em uma plataforma multiproteínas, forte presença nos mercados doméstico e internacional, diversificação de portfólio, escala, eficiência e sustentabilidade”, disseram as empresas em fato relevante conjunto sobre o racional do negócio.
As sinergias estimadas são da ordem de R$ 805 milhões por ano, dos quais R$ 485 milhões de aumento de receitas e redução de custos decorrente da aceleração de oportunidades de cross-selling; e redução de despesas de R$320 milhões, decorrente da estrutura comercial e logística, da consolidação de um sistema operacional único e da otimização da estrutura corporativa.
As empresas apresentaram ainda a previsão de uma consequente otimização fiscal no montante estimado de R$ 3 bilhões, a valor presente líquido.
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Valor de mercado acima de R$ 50 bi
O valor de mercado combinado supera a casa de R$ 50 bilhões em cima dos números de fechamento da B3 nesta quinta: R$ 17,72 bilhões da Marfrig e R$ 34,69 bilhões da BRF.
A JBS (JBSS3), para efeito de comparação, tem market cap de R$ 86,91 bilhões - e espera multiplicar esse valor com a listagem na “reta final” na NYSE, a Bolsa de Nova York, diante do acesso a um mercado com maior liquidez, entre outros fatores.
As ações de ambas as companhias - Marfrig e BRF - tiveram altas expressivas nesta quinta, de 4,34% e 4,78%, respectivamente.
A mudança na estrutura das companhias ocorre quatro anos depois que Molina, considerado um magnata brasileiro da carne, iniciou uma investida para assumir o controle da BRF, que incluiu compras agressivas de ações a preços baixos.
A aposta se mostrou acertada, já que a unidade se beneficiou de mudanças na gestão e de uma bonança no mercado de frango, o que impulsionou seus lucros e aumentou a perspectiva de pagamentos de dividendos expressivos.
- Com informações da Bloomberg News.
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