Maior trading de açúcar reduz previsão de superávit global para 400 mil toneladas

Projeção anterior da Alvean era de um excesso de oferta de 1,5 milhão de toneladas; empresa diz que riscos climáticos e de transporte no Brasil estavam subestimados

Usina de açúcar e etanol
Por Ilena Peng
16 de Maio, 2025 | 01:04 PM

Bloomberg — A maior trading de açúcar do mundo reduziu drasticamente sua previsão de superávit global na próxima safra, e alerta que o mercado estava subestimando os riscos climáticos e de transporte no Brasil, o maior produtor.

A produção mundial em 2025-26 agora deve superar a demanda em apenas 400.000 toneladas, abaixo das expectativas de um excesso de oferta de cerca de 1,5 milhão de toneladas projetadas há dois meses, disse a Alvean em uma apresentação na New York Sugar Week.

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Para a safra que termina em setembro de 2025, a previsão é de uma escassez de 5,5 milhões de toneladas.

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Os contratos futuros de açúcar bruto atingiram o nível mais baixo desde 2021 este mês, com a antecipação de operadores de um potencial excesso de oferta.

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As estimativas da Alvean para 2025-26 estão entre as mais baixas apresentadas no encontro do setor, e alguns analistas e tradings sinalizaram expectativas de excessos muito maiores.

“Há um pouco de complacência no otimismo em relação à produção e ao quanto ela pode se recuperar”, disse Mauro Virgino, líder de inteligência comercial da Alvean, em uma entrevista à Bloomberg News.

Isso porque “nos últimos sete anos, o que tivemos foi mais decepção do que surpresas positivas”, acrescentou Virgino.

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A região Centro-Sul do Brasil deve produzir 40,9 milhões de toneladas em 2025-26, embora esse número possa cair para 39,2 milhões de toneladas se a produtividade decepcionar, segundo Virgino.

A estimativa é que a região processe 593 milhões de toneladas de cana como cenário base, uma queda de quase 5% em relação ao ano anterior.

O volume pode cair para apenas 575 milhões de toneladas, após a produtividade em abril e em maio ter sido menor do que o esperado, em parte devido à seca.

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O embarque do Brasil também tem sido um “motor muito bem lubrificado” recentemente, permitindo que os países consumidores “operem em um mercado com modelo de demanda ‘just-in-time’”, com estoques baixos, disse ele. “O normal é que haja contratempos.”

A previsão da Alvean para um pequeno superávit global depende de uma recuperação na oferta asiática.

A Índia deve produzir 31 milhões de toneladas em 2025-26, um aumento de 19%. A produção da Tailândia é projetada para crescer 1 milhão de toneladas, para 11,1 milhões.

“Acho que as surpresas negativas podem vir da Ásia”, afirmou Virgino. “Temos muito para acontecer no clima, estamos presumindo um aumento muito significativo.”

A Alvean prevê que os preços permaneçam entre 17 e 20 centavos de dólar por libra-peso, considerando o clima favorável na Ásia e uma produção brasileira de 41,5 milhões de toneladas.

Quaisquer interrupções, no entanto, podem levar a uma faixa de preço de 19 a 24 centavos de dólar por libra-peso.

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