JBS vê potencial de alta de 300% do capital com novo ciclo de expansão pós-NY

Em seu primeiro Investor Day desde a listagem na NYSE, em evento que contou com toque de sino com o fundador José Batista Sobrinho, gigante brasileira de proteína apontou como pretende multiplicar de tamanho e de valor em cinco anos

Jose Batista Sobrinho, founder of JBS SA, center left, rings the opening bell on the floor at the New York Stock Exchange (NYSE) in New York, US, on Wednesday, June 25, 2025. JBS NV shares started trading in New York on June 13, giving the world's largest meat producer a market value of about $15 billion as it culminated a years-long effort to reach a broader pool of investors. Photographer: Michael Nagle/Bloomberg
25 de Junho, 2025 | 04:59 PM

Bloomberg Línea — Com o seu plano de longa data de dupla listagem na Bolsa de Nova York, a NYSE, recém-concretizado, a JBS (JBS) se prepara para ingressar em um novo ciclo de crescimento que pode, segundo cenário projetado pelos acionistas e executivos, levar a uma alta de até 300% do capital depois de cinco anos.

O plano de expansão e as projeções ilustrativas de “desbloqueio” de valor foram apresentadas ao mercado nesta quarta-feira (25), em seu primeiro Investor Day realizado em Nova York desde o início das negociações no último dia 13.

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A JBS tem market cap atual de cerca de US$ 14,86 bilhões na NYSE, valor que poderia ser multiplicado para perto de US$ 60 bilhões a partir do quinto ano com base em duas premissas principais: negociação da ação a múltiplos semelhantes aos de pares americanos, como a Tyson Foods, e incremento do Ebitda no período com base em crescimento orgânico e inorgânico (via aquisições).

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Segundo a projeção, o EV (enterprise value) da companhia saltaria dos atuais US$ 31,5 bilhões para uma faixa de US$ 75 bilhões a US$ 80 bilhões, em ambos os casos contando a dívida líquida.

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A apresentação a cerca de cem investidores e analistas do sell side foi conduzida por Wesley Batista, um dos acionistas controladores e membro do conselho de administração, Wesley Batista Filho, CEO da JBS USA, Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS, e Gilberto Cavalcanti, CFO da JBS.

Como parte do evento, integrantes da família à frente da JBS, incluindo o fundador, José Batista Sobrinho, o Zé Mineiro, além dos irmãos Joesley e Wesley, participaram da tradicional cerimônia de toque do sino que abre o pregão.

Wesley e Joesley foram recentemente eleitos presidente e vice-presidente do conselho de administração, em reunião do colegiado no último dia 9, o que marcou o retorno deles de forma oficial ao comando da liderança estratégica da JBS.

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“Mesmo com crescimento e adaptação, nosso modo de trabalhar permanece o mesmo. Somos focados. Somos disciplinados. E estamos determinados a ser os melhores em tudo o que fazemos”, disse Wesley em discurso antes do toque do sino.

JBS NV signage at the New York Stock Exchange (NYSE) in New York, US, on Wednesday, June 25, 2025. JBS NV shares started trading in New York on June 13, giving the world's largest meat producer a market value of about $15 billion as it culminated a years-long effort to reach a broader pool of investors. Photographer: Michael Nagle/Bloomberg

“Por meio de projetos-chave de crescimento, a JBS pode atender à forte demanda dos consumidores por proteínas de alta qualidade e fortalecer as relações de ganha-ganha que temos com nossos parceiros produtores”, disse Tomazoni, CEO global da JBS, segundo comunicado.

Hoje a ação da JBS é negociada a um múltiplo de 4,8x o EV/Ebitda, abaixo da média de 8,4x de pares como Pilgrim’s Pride - que pertence ao próprio grupo brasileiro -, a citada Tyson e a Smithfield, entre outras. Essa “reclassificação” poderia gerar de US$ 22 bilhões a US$ 25 bilhões em EV adicional.

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Outros US$ 21 bilhões a US$ 24 bilhões viriam, por sua vez, da “tendência de Ebitda incremental” por cinco anos decorrente do crescimento, segundo a apresentação.

O playbook dos Batistas, conhecido e executado há mais de uma década, inclui ganhos de eficiência e produtividade nas operações, como executaram nos negócios da JBS USA com sede em Greeley, no estado do Colorado.

Prevê também capex (investimento) de US$ 1 bilhão a US$ 1,2 bilhão ao ano com retorno sobre o capital (ROIC) de 17% a 20% de cinco a seis anos, segundo a apresentação a investidores e analistas.

A mesma faixa de valor é prevista para aquisições a cada ano no período citado, com um racional que prevê “fit estratégico”, conforme explicou o CFO em entrevista à Bloomberg Línea em abril ao tratar de M&As.

“Precisamos ter sinergias claras, saber quem vai tocar o negócio, se temos um management para tocar essa companhia, seja de dentro, seja de fora. E tem que ser por um preço que crie valor", disse Cavalcanti na ocasião.

No início da semana, a JBS realizou a maior emissão de bonds de sua história, na esteira da listagem da NYSE e do acesso facilitado a investidores globais: captou US$ 3,5 bilhões, em operação que buscou o alongamento de sua dívida.

-- Em atualização.

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Marcelo Sakate

Marcelo Sakate é editor-chefe da Bloomberg Línea no Brasil. Anteriormente, foi editor da EXAME e do CNN Brasil Business, repórter sênior da Veja e chefe de reportagem de economia da Folha de S. Paulo.