Bloomberg Línea — Com o seu plano de longa data de dupla listagem na Bolsa de Nova York, a NYSE, recém-concretizado, a JBS (JBS) se prepara para ingressar em um novo ciclo de crescimento que pode, segundo cenário projetado pelos acionistas e executivos, levar a uma alta de até 300% do capital depois de cinco anos.
O plano de expansão e as projeções ilustrativas de “desbloqueio” de valor foram apresentadas ao mercado nesta quarta-feira (25), em seu primeiro Investor Day realizado em Nova York desde o início das negociações no último dia 13.
A JBS tem market cap atual de cerca de US$ 14,86 bilhões na NYSE, valor que poderia ser multiplicado para perto de US$ 60 bilhões a partir do quinto ano com base em duas premissas principais: negociação da ação a múltiplos semelhantes aos de pares americanos, como a Tyson Foods, e incremento do Ebitda no período com base em crescimento orgânico e inorgânico (via aquisições).
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Segundo a projeção, o EV (enterprise value) da companhia saltaria dos atuais US$ 31,5 bilhões para uma faixa de US$ 75 bilhões a US$ 80 bilhões, em ambos os casos contando a dívida líquida.
A apresentação a cerca de cem investidores e analistas do sell side foi conduzida por Wesley Batista, um dos acionistas controladores e membro do conselho de administração, Wesley Batista Filho, CEO da JBS USA, Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS, e Gilberto Cavalcanti, CFO da JBS.
Como parte do evento, integrantes da família à frente da JBS, incluindo o fundador, José Batista Sobrinho, o Zé Mineiro, além dos irmãos Joesley e Wesley, participaram da tradicional cerimônia de toque do sino que abre o pregão.
Wesley e Joesley foram recentemente eleitos presidente e vice-presidente do conselho de administração, em reunião do colegiado no último dia 9, o que marcou o retorno deles de forma oficial ao comando da liderança estratégica da JBS.
“Mesmo com crescimento e adaptação, nosso modo de trabalhar permanece o mesmo. Somos focados. Somos disciplinados. E estamos determinados a ser os melhores em tudo o que fazemos”, disse Wesley em discurso antes do toque do sino.

“Por meio de projetos-chave de crescimento, a JBS pode atender à forte demanda dos consumidores por proteínas de alta qualidade e fortalecer as relações de ganha-ganha que temos com nossos parceiros produtores”, disse Tomazoni, CEO global da JBS, segundo comunicado.
Hoje a ação da JBS é negociada a um múltiplo de 4,8x o EV/Ebitda, abaixo da média de 8,4x de pares como Pilgrim’s Pride - que pertence ao próprio grupo brasileiro -, a citada Tyson e a Smithfield, entre outras. Essa “reclassificação” poderia gerar de US$ 22 bilhões a US$ 25 bilhões em EV adicional.
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Outros US$ 21 bilhões a US$ 24 bilhões viriam, por sua vez, da “tendência de Ebitda incremental” por cinco anos decorrente do crescimento, segundo a apresentação.
O playbook dos Batistas, conhecido e executado há mais de uma década, inclui ganhos de eficiência e produtividade nas operações, como executaram nos negócios da JBS USA com sede em Greeley, no estado do Colorado.
Prevê também capex (investimento) de US$ 1 bilhão a US$ 1,2 bilhão ao ano com retorno sobre o capital (ROIC) de 17% a 20% de cinco a seis anos, segundo a apresentação a investidores e analistas.
A mesma faixa de valor é prevista para aquisições a cada ano no período citado, com um racional que prevê “fit estratégico”, conforme explicou o CFO em entrevista à Bloomberg Línea em abril ao tratar de M&As.
“Precisamos ter sinergias claras, saber quem vai tocar o negócio, se temos um management para tocar essa companhia, seja de dentro, seja de fora. E tem que ser por um preço que crie valor", disse Cavalcanti na ocasião.
No início da semana, a JBS realizou a maior emissão de bonds de sua história, na esteira da listagem da NYSE e do acesso facilitado a investidores globais: captou US$ 3,5 bilhões, em operação que buscou o alongamento de sua dívida.
-- Em atualização.
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