Bloomberg — A China assinou uma carta de intenções com exportadores da Argentina para comprar cerca de US$ 900 milhões em soja, milho e óleo vegetal, a mais recente indicação de que o país asiático evitará comprar dos EUA durante a guerra comercial do presidente Donald Trump.
Autoridades chinesas estiveram em Buenos Aires na quarta-feira para assinar o acordo não vinculativo, de acordo com duas pessoas familiarizadas com o assunto, que não puderam ser citadas, pois discutem conversas privadas. O jornal argentino Clarin foi o primeiro a divulgar a notícia.
Uma delegação do Conselho Chinês para a Promoção do Comércio Internacional visitou a Argentina em 7 de maio e se reuniu com autoridades responsáveis pelo comércio internacional e mercados agrícolas do país sul-americano, de acordo com uma declaração publicada no site do órgão comercial do governo na quinta-feira.
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Os delegados chineses também discutiram com representantes de empresas na Argentina sobre tópicos como a promoção do desenvolvimento econômico bilateral e a proteção do livre comércio.
Os dois lados assinaram um memorando de entendimento, segundo o comunicado, sem fornecer mais detalhes.
A China já é o maior comprador de soja não processada da Argentina. Ela compra um pouco de óleo de soja argentino e também abriu suas portas no ano passado para o milho do país.
Ainda assim, a Argentina é um fornecedor menor de culturas para a China e não exporta soja para o maior mercado do mundo desde janeiro deste ano. Os embarques de milho permanecem nulos, de acordo com dados da alfândega chinesa.
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Embora não seja o primeiro do gênero, um compromisso inicial tão grande da China com as safras argentinas é incomum.
E sua chegada em meio a uma escalada da guerra comercial é um sinal de que a China está preparada para manter as tarifas sobre os EUA - em retaliação às taxas de Trump - e, em vez disso, obter colheitas da América do Sul.
A assessoria de imprensa em Buenos Aires da trading chinesa Cofco informou em um comunicado na quinta-feira que chegou a um acordo com a Sinograin, a empresa estatal encarregada de administrar as reservas estratégicas de alimentos da China, “para ampliar o fornecimento de commodities agrícolas da Argentina para a China e explorar mais cooperação de longo prazo”.
Separadamente, o Fufeng Group da China está interessado em construir uma fábrica de processamento de milho, informou a Sociedade Rural Argentina em um post no X no mês passado.
-- Com a colaboração de Hallie Gu.
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