BR Partners amplia assessoria de reestruturação de dívida de empresas ‘estranguladas’

Banco de investimento independente tem apoiado companhias em dificuldades financeiras, que tomaram dívidas demais e depois foram impactadas pela alta dos juros, explicou o presidente Ricardo Lacerda à Bloomberg News

BR Partners aposta em assessoria para reestruturação de dívida
Por Cristiane Lucchesi - Matheus Piovesana
06 de Outubro, 2025 | 02:55 PM

Bloomberg — Enquanto cerca de 25% das grandes empresas brasileiras enfrentam dificuldades diante de sua alta alavancagem financeira, Ricardo Lacerda diz que expandiu os serviços de assessoria em reestruturação de dívidas de seu banco de investimento.

“As empresas brasileiras como um todo estão com boa saúde financeira, mas algumas se endividaram demais para investimentos ou aquisições quando as taxas de juros estavam baixas”, disse Lacerda, presidente do BR Partners, em entrevista à Bloomberg News.

PUBLICIDADE

“Esses investimentos não deram certo, e então as taxas de juros subiram, e tudo isso acabou estrangulando um pouco essas empresas.”

Entre seus clientes está a empresa de gestão de resíduos Ambipar, que contratou o BR Partners para trabalhar em uma reestruturação, disseram pessoas familiarizadas com o assunto à Bloomberg News no mês passado.

Leia mais: Ambipar contrata BR Partners como assessor para negociação de dívida, dizem fontes

PUBLICIDADE

O banco também trabalha com a empresa de operações e serviços de transporte Invepar, que está em negociações com credores para reestruturar dívidas.

O banco de investimento independente também assessorou reestruturações da plataforma de viagens CVC, da rede varejista de moda Marisa e do Santos Futebol Clube.

“Algumas empresas precisarão passar por um processo de redução de alavancagem, e outras terão que passar por uma reestruturação de dívida”, disse Lacerda. “Essa é uma dinâmica que veremos continuar nos próximos meses.”

PUBLICIDADE

Com menos fusões e aquisições realizadas, o BR Partners planeja expandir sua atuação em gestão de fortunas para gerar fontes de receita mais estáveis ​​e diversificadas.

Leia mais: Invepar contrata BR Partners para reestruturar dívida, segundo fontes

O banco, que listou seus American Depositary Receipts (ADRs) na Nasdaq no mês passado, tem cerca de R$ 7 bilhões em fortunas sob gestão e espera atingir “rapidamente” R$ 20 bilhões, segundo Lacerda.

PUBLICIDADE

O presidente do BR Partners liderou um roadshow nos EUA para cortejar investidores das chamadas small caps, como são conhecidas empresas e bancos com pequeno valor de mercado, e disse ter ficado surpreso com o nível de engajamento.

“Enquanto investidores dedicados a mercados emergentes buscam apenas os grandes nomes, os fundos de small caps estão menos preocupados com a liquidez diária das ações porque suas posições são mais de longo prazo”, disse ele.

O BR Partners, que tem 210 funcionários, apresentou um retorno médio sobre o capital de 22% em 15 anos e um crescimento médio anual da receita de 24%, segundo Lacerda.

Fundado em 2009, o BR Partners começou como uma boutique de fusões e aquisições e, posteriormente, adicionou produtos ao seu portfólio.

Leia mais: BR Partners: como a saída de uma família pode ser um gatilho para destravar valor

Em 2013, obteve licença bancária e começou a estruturar operações de crédito para clientes, a serem distribuídas a fundos de investimento.

O banco captou R$ 400 milhões de investidores qualificados em uma oferta pública inicial de ações em 2021 e agora conta com cerca de 50.000 pessoas físicas que investem em suas ações, o que representa cerca de 60% do seu free float.

O banco tem crescido em gestão de caixa e gestão de passivos para grandes clientes corporativos e oferece derivativos, além de produtos cambiais e estruturados.

O BR Partners, com cerca de R$ 3,7 bilhões em fundos de investimento sob gestão, tem cerca de 3.000 clientes institucionais e não pretende expandir esse número drasticamente, disse Lacerda.

“Não queremos entrar no varejo, não queremos entrar no mercado de empresas de médio porte”, disse ele. “Queremos ser um banco de serviços independente” que não concorre com os clientes.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Como o BTG Pactual passou de uma força em sales & trading a um império bancário