Fim de uma era: Ray Dalio vende participação final na Bridgewater após 50 anos

Investidor que criou o que veio a se tornar o maior fundo hedge do mundo se desfez da fatia que restava e deixou também o conselho de administração; ‘estou entusiasmado com isso’, escreveu em post sobre a sua saída definitiva

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Por Katherine Burton - Hema Pamar
31 de Julho, 2025 | 08:02 PM

Bloomberg — O fundador da Bridgewater Associates, Ray Dalio, vendeu a parte que restava de sua participação no que veio a se tornar o maior fundo hedge do mundo e deixou o conselho deda empresa, encerrando uma transição de liderança iniciada há mais de uma década.

A Bridgewater comprou as ações restantes, disse uma pessoa familiarizada com o assunto que falou com a Bloomberg News e que pediu anonimato porque os detalhes são privados.

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Separadamente, a Brunei Investment Agency, um fundo soberano, investiu na empresa, adquirindo cerca de 20% de participação, afirmou essa pessoa.

Segundo a fonte, o fundo soberano transferiu um investimento já existente que possuía em um fundo da Bridgewater e usou esse dinheiro para comprar sua participação na empresa.

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O Wall Street Journal foi o primeiro a noticiar a venda da participação de Dalio e o investimento do fundo de Brunei.

A transição de Dalio para longe do fundo macro hedge foi tudo menos linear.

Ele anunciou seu plano de sucessão há mais de dez anos, mas só entregou completamente o comando em 2022, quando transferiu seus direitos de voto ao conselho de administração e deixou o cargo de um dos três co-diretores de investimentos (CIO). Na época, permaneceu no conselho.

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A saída de Dalio é um momento “crucial” para o setor, dada sua influência, e o novo investimento do fundo de Brunei pode alterar a dinâmica da empresa, segundo Bruno Schneller, sócio-gerente da Erlen Capital Management, com sede em Zurique.

“A participação de quase 20% da Brunei Investment Agency introduz uma nova dinâmica, potencialmente fortalecendo o apoio financeiro da Bridgewater, mas também muda sua estrutura de propriedade em direção à influência institucional externa”, disse Schneller, cuja empresa investe em fundos hedge.

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Dalio, que fundou a Bridgewater em 1975 e se tornou bilionário e um dos investidores mais influentes e bem-sucedidos do mundo, seguia uma filosofia que ele chamava de “transparência radical”, em que profissionais eram incentivados a dizer o que pensavam em discussões internas.

Nir Bar Dea, atual CEO da Bridgewater, tomou medidas nos últimos anos para suavizar alguns dos aspectos mais incomuns da cultura da empresa — incluindo o fim dos chamados “cartões de beisebol”, criados por funcionários para avaliar os pontos fortes e fracos uns dos outros.

A Bridgewater também limitou os ativos de seu principal fundo macro hedge, o Pure Alpha, em uma tentativa de aumentar os retornos após anos de desempenho fraco.

Em 2024, esse fundo subiu 11,3%; e, na primeira metade deste ano, teve alta de 17%.

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“Fui muito perguntado sobre como me sinto ao passar adiante a Bridgewater depois de tê-la iniciado e desenvolvido ao longo dos últimos 50 anos”, disse Dalio em um post no blog nesta quinta-feira. “Estou entusiasmado com isso.”

Aos 75 anos, Dalio disse que segue como cliente da Bridgewater - tem investimentos em fundos da casa - e mentor.

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