Alvarez & Marsal traz Fernando Szterling como sócio para avançar em financial advisory

Executivo que esteve 22 anos nos EUA e liderou negócios no JPMorgan, no Santander US e na Deloitte chega como sócio-diretor e vai comandar a área de operações financeiras estruturadas, com foco em Capital Markets e M&As

Vista aérea da região da Berrini em São Paulo: Alvarez & Marsal quer avançar em assessoria financeira aos clientes para o mercado de capitais (Foto: Paulo Fridman/Bloomberg)
28 de Junho, 2025 | 05:45 AM

Bloomberg Línea — Uma das empresas globais mais especializadas em reestruturação e renegociação de dívidas corporativas, a Alvarez & Marsal (A&M) quer avançar no Brasil também em assessoria financeira, incluindo operações nos Estados Unidos.

Com esse objetivo, acaba de contratar o executivo Fernando Szterling como sócio-diretor (managing director) da operação da Alvarez & Marsal no país para liderar a assessoria em operações financeiras estruturadas.

PUBLICIDADE

Ele chega com a experiência de mais de duas décadas nos EUA na área de Investment Banking e Capital Markets em grandes players.

A A&M passa a oferecer novos serviços de financial advisory. O executivo está à frente da área de M&As e mercado de capitais no Brasil, com eventual assessoria de forma “oportunística” para clientes em outros mercados da América Latina.

“Meu papel vai ser representar o nosso broker-dealer nos EUA e levar empresas brasileiras para lá, para levantar capital e investir aqui no país. Ou para negociar dívidas nos EUA”, disse Szterling em entrevista à Bloomberg Línea.

PUBLICIDADE

“É uma prioridade absoluta começar a agregar valor para os clientes nos mandatos de bonds”, afirmou.

Em sua carreira no mercado americano, Szterlig trabalhou em posições de liderança na Deloitte, no Santander US e no JPMorgan, entre outros.

E atuou principalmente em ofertas de ações - IPOs e follow-ons - e private placements, tanto com sell side como com buy side, tendo licença da FINRA (Financial Industry Regulatory Authority).

PUBLICIDADE

Leia mais: HSBC: força na China e tecnologia para produtos reforçam expansão, diz CEO no Brasil

O executivo disse que o momento no Brasil segue apropriado para o atendimento a empresas em busca de reestruturação, renegociação de dívida e assessoria financeira, dado o período prolongado de juros mais altos tanto no país como nos EUA, além das instabilidades de mercado.

“Nós ajudamos empresas no ciclo atual de renegociação de dívidas e deixamos elas prontas para o momento seguinte, quando o mercado melhorar, com juros mais baixos e menos incertezas, para um M&A ou uma listagem”, disse.

PUBLICIDADE

Segundo ele, a A&M já tem mandatos de pre-IPO advisory para empresas brasileiras, no aguardo da reabertura da janela mais à frente, quando as condições melhorarem, com maior estabilidade fiscal e maior clareza política. Há planos para listagens tanto em Nova York como na B3, de acordo com o perfil da companhia.

“É um produto que leva de um ano a um ano e meio desde o kickoff. O mercado não vai reabrir ‘hoje’, mas queremos fazer IPOs no próximo ano."

Em sua avaliação, para empresas de determinados setores como o agronegócio, uma eventual reabertura no Brasil pode anteceder até mesmo a dos EUA, diante da demanda global secular por alimentos.

“As cadeias globais estão sendo repensadas e são setores de produtos que todo mundo consome, que são bons negócios e geram PIB”, afirmou.

A Alvarez &Marsal tem atuação destacada no Brasil na assessoria a grandes players de infraestrutura, em operações de maior porte, acima de R$ 1 bilhão, em áreas como rodovias, ferrovias e saneamento.

“É um setor que continua muito aquecido para M&As mesmo neste período de ‘maré mais baixa’ do mercado de capitais”, disse o executivo.

Fernando Szterling, novo  sócio-diretor da Alvarez & Marsal. O executivo faz parte da área de Investment Banking e Capital Markets para liderar a assessoria em operações financeiras estruturadas (Foto: Divulgação)

Nas demais indústrias, a assessoria se dá principalmente a companhias do middle market em setores como varejo e tecnologia (software). É uma experiência no segmento que ele traz do mercado americano.

Na Deloitte, que possui licença nos EUA para operar também como broker dealer, o executivo atuou em private placement com foco no middle market, que, no mercado americano, corresponde em geral a empresas com enterprise value abaixo de US$ 500 milhões.

“Nos EUA, na Europa e na Ásia, o mercado de middle market é mais desenvolvido e bem assistido. Mas, no Brasil, essas empresas são mais carentes de soluções, diferentemente das grandes, que são bem atendidas”, disse Szterling.

Segundo ele, são empresas no país que não se enquadram no fee point de grandes plataformas e, portanto, acabam não dispondo de capacidade de colocação internacional de títulos ou de busca de comprador.

“Uma companhia brasileira de autopeças ou de máquinas, por exemplo, tem dificuldades para expandir no mercado americano ou para conseguir um investidor nos EUA. É o trabalho de assessoria que fazemos”, explicou.

Leia mais: Digitalização financeira no Brasil e em LatAm dá impulso ao Citi, diz CEO para região

Segundo ele, essa é uma capacidade da Alvarez & Marsal em razão de sua atuação internacional. “Nós podemos atender uma companhia brasileira que queira, por exemplo, fazer um liability management, com um bond tender offer ou um bond exchange offer no mercado americano.”

Nessa frente, a Alvarez & Marsal vai concorrer com casas internacionais presentes no país, como Lazard, Moelis, Rothschild e Houlihan. “Vamos fazer os mesmos serviços.”

No Brasil, a A&M já contava com uma equipe de financial advisory e special situations com 55 profissionais, capacitada para demandas diversas. Esse time vai trabalhar com Szterling, que pode trazer novas pessoas em um segundo momento.

Na América do Sul, ele disse que pode atuar em caso de operações específicas, principalmente em Colômbia, Chile e Peru, em conjunto com times locais.

Ao tratar das oportunidades, Szterling citou a tendência de nearshoring, com a mudança de produção para perto de mercados consumidores.

“Apesar da política de America First, nem tudo será levado - nem faz sentido - para os Estados Unidos, nem no curto nem no longo prazo”, afirmou.

“Em áreas como medicamentos ou manufaturas, em químicos, plásticos, autopeças, por exemplo, pode fazer sentido migrar a produção da China para países com melhores relações com os EUA.”

Outra área com oportunidades, segundo ele, é a de commodities, como a mineração para indústrias mais aquecidas, como a nuclear, e de terras raras.

Leia também

Guerra comercial já altera a logística na América Latina, diz CEO da DHL Supply Chain

Da Moelis à BR Partners: boutiques crescem com demanda maior de empresas em crise

BTG Pactual acerta compra do Julius Baer no Brasil e family office supera R$ 100 bi

Marcelo Sakate

Marcelo Sakate é editor-chefe da Bloomberg Línea no Brasil. Anteriormente, foi editor da EXAME e do CNN Brasil Business, repórter sênior da Veja e chefe de reportagem de economia da Folha de S. Paulo.