Gestão ativa ou ETF? Investidor de emergentes escolhe gestão passiva neste ano

No primeiro semestre, os ETFs responderam por 88% das entradas de US$ 68 bilhões para fundos de ações de países em desenvolvimento, segundo dados da EPFR Global

Apenas 23% dos gestores de ações superaram seus índices de referência em mercados emergentes no ano passado
Por Selcuk Gokoluk
07 de Julho, 2023 | 11:53 AM

Bloomberg — Fundos de índice (ETFs) agora dominam os fluxos financeiros para o turbulento segmento de ações de mercados emergentes neste ano, deixando de lado gestores de fundos com estratégia ativa.

Os ETFs, que têm gestão passiva, responderam por 88% das entradas de US$ 68 bilhões para fundos de ações de países em desenvolvimento no acumulado do ano até 29 de junho, de acordo com a EPFR Global, provedora de informações sobre alocação de ativos.

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A preferência maior por ETFs ocorre em um momento em que gestores de fundos profissionais apresentam resultados cada vez aquém dos passivos para seus clientes.

Apenas 23% dos gestores de ações superaram seus índices de referência em mercados emergentes no ano passado, quando a invasão da Ucrânia pela Rússia e as sanções varreram o mercado acionário russo, abaixo dos 37% em 2021 e 61% no ano anterior, segundo dados da Morningstar.

“A sabedoria convencional sobre os ETFs era a de que funcionavam bem em mercados grandes e bem regulamentados, mas, em mercados mais voláteis e arriscados, como o universo dos emergentes, você quer alguém mais seguro caso a ponte caia”, disse Cameron Brandt, diretor de pesquisa da EPFR.

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“Os ETFs agora navegaram com sucesso em alguns períodos econômicos agitados”, explicou, e por isso investidores começam a se sentir “muito confortáveis” com esses produtos.

Desempenho

Para a Fiera Capital, cujo fundo de mercados emergentes teve retorno de 22% e desempenho superior a 99% dos pares este ano, a razão para o aumento da participação de mercado dos ETFs é o suposto fracasso dos gestores ativos.

“Acho que 95% dos gestores de fundos de mercados emergentes passam má fama aos outros 5%”, disse Dominic Bokor-Ingram, gestor sênior de portfólio da empresa.

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“O problema é que a maioria dos gestores de fundos de mercados emergentes investe em benchmark para cima ou para baixo, não agregam valor real e isso geralmente resulta em um desempenho ruim.”

Enquanto fundos que buscam replicar o desempenho de índices perderam 19,8% com ações de mercados emergentes no ano passado, gestores ativos tiveram desempenho um pouco pior, com baixa de 23,4%, mostraram dados da Morningstar.

Gestores de fundos ativos reconhecem que a negociação em mercados emergentes requer experiência para explorar peculiaridades regionais ou nacionais, e pode não ser para todos.

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“O mercado de ações é impulsionado pelo sentimento das pessoas, não apenas pelos fundamentos”, disse Wongmo Kang, analista sênior de investimentos da Exome Asset Management, um hedge fund com sede em Nova York.

“Não há como entender as pessoas, a cultura e o idioma em todos os mercados emergentes.”

Oportunidade para gestão passiva

Ainda assim, investidores podem não estar atentos a uma questão. Alguns gestores de fundos ativos dizem que estão em melhor posição para navegar nos mercados em um ambiente onde os valuations estão em mínimas históricas em relação aos mercados desenvolvidos.

A AQR Capital Management, uma empresa de US$ 95 bilhões fundada pelo renomado investidor quantitativo Cliff Asness, disse que os spreads de valor em ações de mercados emergentes mostram uma oportunidade histórica para fundos ativos.

“Acreditamos que existam vantagens sistemáticas e repetíveis que podem ser capturadas em mercados emergentes”, disse Dan Villalon, codiretor do grupo de soluções de portfólio da companhia.

“Portanto, embora pensemos que, para muitos investidores, os ETFs de baixo custo são uma boa maneira de acessar o beta do mercado, acreditamos que a gestão ativa, principalmente para investidores com viés de valor, é tão atraente quanto já vimos para ações emergentes.”

Outro argumento para uma gestão ativa é a diversificação geográfica, de acordo com Jitania Kandhari, vice-diretora de investimentos e chefe de pesquisa macroeconômica para mercados emergentes do Morgan Stanley Investment Management.

O popular indicador de referência de mercados emergentes MSCI é fortemente inclinado para o norte da Ásia: a China responde sozinha por 27% da ponderação do índice, seguida pelos 15% de Taiwan.

Com outras economias em rápido crescimento, como Índia, Vietnã e Polônia, oferecendo retornos de ações mais altos, acompanhar as ponderações de referência pode levar a ganhos mais modestos.

“Acho que o caminho a seguir é investir ativamente nos mercados emergentes”, disse Kandhari. “Se você comprar uma estratégia passiva, ainda estará ponderado com a China como a maior” e não poderá apostar na narrativa de alfa que virá de segmentos de mercados emergentes que excluem a China, explicou.

- Com a colaboração de Srinivasan Sivabalan.

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