Rali atual lembra 2000 ou 2008, diz Hartnett, do BofA: ‘vejo um grande colapso’

Estrategista que previu selloff nos mercados em 2022 disse que não está convencido de que este seja um novo bull market e aponta eventos inesperados como IA

Traders na NYSE: mercado atual se parece mais com 2000 ou 2008, diz Michael Hartnett, do BofA (Foto: Michael Nagle/Bloomberg)
Por Ksenia Galouchko
16 de Junho, 2023 | 10:25 AM

Bloomberg — O S&P 500 pode ter entrado em bull market técnico na semana passada, mas Michael Hartnett, estrategista-chefe do Bank of America (BAC), diz que este não é o início de um novo grande rali das bolsas.

O estrategista, que previu corretamente a onda vendedora - selloff - de ações no ano passado, disse em nota nesta sexta-feira (16) que não está convencido de que este seja o começo de um “novo e brilhante bull market”.

O mercado atual se parece mais com 2000 ou 2008, com um “grande rali antes do grande colapso”, escreveu Hartnett no relatório semanal do banco sobre os fluxos de investimento em várias classes de ativos. São duas referências de anos marcados por grandes crises nos mercados, com o estouro da bolha da internet e a crise financeira do subprime, respectivamente.

Hartnett disse ver potencial de ganhos ainda de 150 pontos no S&P 500, contra 300 pontos de queda até o feriado do Labor Day em 4 de setembro. O índice subiu 15% neste ano, para 4.425,84 pontos. Desde outubro passado, momento mais baixo recente, a alta superou 20%, o que deu início ao bull market.

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A projeção de Hartnett em fevereiro de que o S&P 500 cairia para 3.800 pontos até 8 de março não se concretizou, depois que investidores apostaram em empresas de tecnologia em uma mudança defensiva, principalmente com a onda alimentada pela Inteligência Artificial (IA) generativa.

Segundo sua análise, ele e outros estrategistas mais cautelosos erraram no primeiro semestre porque a economia dos EUA conseguiu evitar uma recessão e uma crise de crédito, além de classificar o rali de tecnologia impulsionado pela inteligência artificial de um “evento imprevisto”.

Até que o Federal Reserve “reintroduza o medo” por meio de uma meta mais alta para os juros e a taxa de desemprego supere 4% em um sinal de recessão, os mercados acionários podem permanecer altos, e os spreads de crédito, baixos, escreveu.

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Ao mesmo tempo, estrategistas do Citigroup (C) liderados por Beata Manthey disseram que o mercado dos EUA pode continuar a superar as bolsas europeias, embora o rali seja puxado por relativamente poucas ações. A equipe do Citi destacou que, historicamente, o S&P 500 e as ações de crescimento tendem a mostrar desempenho superior após um estreitamento da amplitude.

“Descobrimos que estreitar a liderança por si só não é motivo para ‘vender o mercado’”, disseram os estrategistas do Citi em nota, acrescentando que as ações negociam em nível mais alto, em média, após o estreitamento dos mercados, “embora a volatilidade também aumente”.

Nos destaques semanais dos fluxos de ativos do relatório do BofA, de acordo com dados da EPFR Global, o segmento de ações registrou entradas líquidas (ingressos menos resgates) de cerca de US$ 22 bilhões na semana até 14 de junho, enquanto títulos receberam US$ 6,7 bilhões.

Entre as regiões, as ações negociadas em bolsas americanas lideraram as entradas com US$ 23,8 bilhões, seguidas pelo Japão, com US$ 2,2 bilhões. Fundos de ações de mercados emergentes mostraram entradas de US$ 1,1 bilhão, enquanto a Europa registrou saídas de US$ 2,4 bilhões.

O setor de tecnologia liderou as entradas entre os setores, enquanto concessionárias de serviços públicos - utilities - lideraram as saídas.

- Com a colaboração de Michael Msika.

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