Emergentes estão prontos para um rali? Estes estrategistas acreditam que sim

Começo de 2023 pode até ter frustrado quem apostou em países como China, Brasil e Índia, mas especialistas dizem que preços estão aquém dos fundamentos

Perspectiva de corte nas taxas de juros deve ajudar a destravar valor para ativos de renda variável
Por Matthew Burgess
12 de Junho, 2023 | 02:07 PM

Bloomberg — Investidores que apostam em mercados emergentes ainda estão com uma visão positiva em relação aos ativos desses países, mesmo depois de o tão alardeado rali de reabertura da China fracassar e provar que o otimismo de Wall Street no início de 2023 era equivocado.

Ativos de países em desenvolvimento devem finalmente decolar no segundo semestre, dizem, desde que as taxas de juros globais atinjam seu ponto máximo, as autoridades chinesas sustentem o crescimento do país e as reformas estruturais na Índia deem confiança ao mercado.

Uma retomada ainda pode fazer com que esta seja a década dos mercados emergentes sinalizada pelo Morgan Stanley Investment Management no início deste ano.

“Índia, Brasil e China não têm mais problemas de inflação, então podem cortar as taxas mais rapidamente do que o Federal Reserve”, disse Xavier Baraton, diretor global de investimentos do HSBC Asset Management, em Paris, em entrevista à Bloomberg Television.

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“Se você busca uma verdadeira diversificação neste momento, precisa olhar para os verdadeiros mercados emergentes. Tem que olhar para a Ásia. Tem que olhar para a Índia, que é subestimada.”

Embora o primeiro semestre de 2023 não tenha sido um desastre para investidores de mercados emergentes, ficou muito aquém das previsões otimistas.

O índice de ações de mercados emergentes MSCI subiu cerca de 5% neste ano, bem abaixo do ganho de quase 11% de um indicador de países desenvolvidos. Já um índice de moedas emergentes avançou perto de 2%. Títulos emergentes em moeda local ficaram um pouco acima de um indicador de dívida global.

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Entre os fatores que limitam os ganhos estão: o fim das restrições da política Covid Zero da China não conseguiu se traduzir em força econômica generalizada. Em vez disso, aumentou os gastos com serviços como viagens e refeições fora de casa, o que levou a um fraco crescimento do crédito, encolheu as exportações e desacelerou as vendas de imóveis. O impacto se espalhou para outros mercados que dependem da demanda chinesa, como África do Sul e Tailândia.

Isso coloca em dúvida a visão otimista do Morgan Stanley Investment Management de janeiro: que as ações de mercados emergentes devem ser as vencedoras desta década em meio a valuations atraentes e a um cenário de crescimento superior, especialmente em países como a Índia.

Oportunidade em renda variável

Do lado positivo, com os números abaixo do esperado até agora, algumas métricas identificam bolsões de valor no cenário nos mercados emergentes.

Os índices acionários de referência devem subir na maioria dos mercados emergentes até o final do ano, com alguns dos maiores ganhos esperados em Hong Kong e na China continental, de acordo com metas agregadas de preços de analistas compiladas pela Bloomberg News.

“O pessimismo, particularmente na China e em Hong Kong, tem sido extremo e não está refletindo com precisão os fundamentos econômicos”, disse Greg Lesko, managing director da Deltec Asset Management, em Nova York. Ele prefere empresas de consumo que provavelmente serão apoiadas por estímulos chineses específicos.

“Alibaba e JD.com estão baratas e têm muito caixa, mas foram atingidas pelas tensões EUA-China”, disse. “Os bancos indonésios são máquinas de fazer dinheiro.”

Moedas

Muitas moedas de mercados emergentes também podem se fortalecer à medida que o Fed se aproxima do fim de um ciclo de aperto monetário em andamento há mais de um ano.

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“Assumindo que estamos a um ou dois aumentos do pico, então o vento contrário ao desempenho das moedas emergentes deve se dissipar”, disse Edwin Gutierrez, chefe de dívida soberana de mercados emergentes da Abrdn, em Londres. “Psicologicamente, isso também abrirá caminho para que mais bancos centrais de mercados emergentes considerem cortes dos juros nos próximos meses.”

Também há quem recomende títulos de países em desenvolvimento, já que o pico dos juros dos bancos centrais aumenta a atratividade de ativos de maior rendimento.

“Estamos prevendo o início do ciclo de afrouxamento de vários mercados emergentes no segundo semestre deste ano, começando com as economias da América Latina e também algumas da Europa Central e Oriental”, disse Phoenix Kalen, chefe de pesquisa de mercados emergentes no Société Générale, em Londres.

- Com a colaboração de Malavika Kaur Makol e Srinivasan Sivabalan.

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