Aéreas tentam driblar juro alto e inflação e projetam lucro duas vezes maior em 2023

Previsão da IATA, que representa cerca de 300 aéreas, é de que a indústria lucre quase US$ 10 bilhões; o maior número de voos induz a passagens mais caras

Na América Latina, o setor permanecerá no vermelho, embora algumas companhias aéreas devam registrar lucros sólidos,
Por Bloomberg News
05 de Junho, 2023 | 05:35 AM

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Bloomberg — O principal representante do setor aéreo está dobrando sua estimativa para o lucro líquido global em 2023. O aumento do número de voos, sobretudo na América do Norte e na Europa, tem induzido a preços maiores das passagens. Em contrapartida, ameaçam o setor os riscos provenientes do aumento dos juros para combater a inflação e os persistentes problemas na cadeia de suprimentos.

Espera-se agora que os lucros globais do setor atinjam US$ 9,8 bilhões este ano, mais do que o dobro dos US$ 4,7 bilhões previstos em dezembro, informou a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês), que representa cerca de 300 companhias aéreas, em um comunicado na segunda-feira. A IATA espera que cerca de 4,35 bilhões de passageiros viajem em 2023, cerca de 96% dos níveis de 2019.

“Levando tudo em consideração, acreditamos que este será um bom ano para a aviação”, disse Willie Walsh, diretor geral da IATA, em uma entrevista à Bloomberg Television. Walsh disse que estava “cautelosamente otimista” com relação às perspectivas.

Espera-se que a receita aumente para um total de US$ 803 bilhões em 2023, apenas US$ 35 bilhões abaixo do recorde alcançado antes da pandemia. Uma recuperação total da lucratividade ainda está longe, no entanto, considerando que o ganho líquido em 2019 foi de US$ 26,4 bilhões.

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E apesar da reviravolta do setor após a covid, vários fatores correm o risco de descarrilar as expectativas da IATA. Eles incluem o aumento das taxas de juros para combater a inflação em espiral, a guerra na Ucrânia, problemas persistentes na cadeia de suprimentos e temores de uma recessão.

O desempenho financeiro também varia significativamente de região para região.

O desempenho financeiro entre as regiões continua variadodfd

A melhoria da previsão da IATA para 2023 é impulsionada principalmente pela Europa, onde a IATA agora espera um ganho de US$ 5,1 bilhões, tendo previsto um lucro de apenas US$ 621 milhões em dezembro.

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As perdas das transportadoras asiáticas, no entanto, devem ser de US$ 6,9 bilhões em 2023, quase metade das estimativas de 2022, mas pior do que o déficit de US$ 6,6 bilhões previsto pela IATA no final do ano passado. A abertura na Ásia foi mais lenta do que em grande parte do resto do mundo, com a China finalmente descartando a última de suas medidas contra a covid em dezembro.

Na América Latina, o setor permanecerá no vermelho, embora algumas companhias aéreas devam registrar lucros sólidos, enquanto a África ainda “continua sendo um mercado difícil para operar uma companhia aérea, com desafios econômicos, de infraestrutura e conectividade impactando o desempenho”.

A IATA alertou que os bancos centrais que aumentam as taxas de juros representam uma ameaça ao otimismo do setor e disse que, se uma recessão levar à perda de empregos, a perspectiva pode mudar negativamente.

Tarifas em alta | Com a reabertura da Ásia para outras regiões, os voos estão mais caros do que antes da coviddfd

Por enquanto, no entanto, o aumento dos preços das passagens está proporcionando um bálsamo para as feridas econômicas sofridas durante os bloqueios de viagens pela pandemia, quando as companhias aéreas foram forçadas a paralisar suas frotas, demitir funcionários e, em muitos casos, buscar ajuda do governo para sobreviver.

“Alcançar a lucratividade em nível de setor após as profundezas da crise abre muito potencial para que as companhias aéreas recompensem os investidores, financiem a sustentabilidade e invistam em eficiência para conectar o mundo de forma ainda mais eficaz”, disse Walsh. “Essa é uma grande lista de tarefas a serem cumpridas com uma margem de lucro líquido de apenas 1,2%.”

A IAG SA, proprietária da British Airways, registrou um lucro trimestral surpreendente no mês passado e aumentou suas perspectivas para o ano inteiro. A Emirates, de Dubai, e a Singapore Airlines Ltd. registraram lucros recordes, e a Qantas Airways Ltd., da Austrália, está a caminho de seguir o mesmo rumo.

Outros destaques das perspectivas da IATA:

Espera-se que as receitas do setor atinjam US$ 803 bilhões em 2023, um aumento de 9,7% em relação a 2022, mas 4,1% abaixo de 2019. Calcula-se que uma oferta 34,4 milhões de voos esteja disponível em 2023.

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Para as receitas de carga, a estimativa é de que alcancem US$ 142,3 bilhões, contra US$ 210 bilhões em 2021 e US$ 207 bilhões em 2022. Os rendimentos serão afetados negativamente pelo aumento da capacidade de passageiros, o que automaticamente aumenta a capacidade de carga disponível, e pelos possíveis efeitos negativos sobre o comércio internacional das medidas de arrefecimento econômico para combater a inflação.

Com relação aos custos do combustível de aviação, a ideia é de que atinjam uma média de US$ 98,50/barril em 2023, totalizando uma conta de combustível de US$ 215 bilhões.

Encontro de aéreas

Os executivos das companhias aéreas representadas pela IATA chegaram a Istambul no fim de semana para o início da 79ª reunião geral anual da organização comercial. Mais de 1.520 participantes estão no evento, o primeiro a ser realizado desde que a suspensão das restrições pela covid.

Na agenda, estão tópicos que incluem sustentabilidade, à medida que as transportadoras navegam no caminho para alcançar emissões líquidas zero de carbono até 2050, bem como a recuperação das companhias aéreas depois da pandemia e as lições aprendidas com a série de desafios operacionais de 2022.

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Espera-se que as altas tarifas aéreas e a escassez de mão de obra, desde pilotos até a equipe de atendimento em terra, também sejam debatidas calorosamente. A AGM da IATA do próximo ano será realizada em Dubai, em junho.

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