Emissão de títulos de curto prazo nos EUA coloca em xeque alívio com dívida

Tesouro americano deverá refazer em breve seu caixa com vendas de mais de US$ 1 trilhão de notas de curto prazo, as chamadas T-Bills

Com o Tesouro americano competindo com os bancos por dinheiro, a captação pode ficar mais cara para os credores
Por Benjamin Purvis
29 de Maio, 2023 | 01:08 PM

Bloomberg — Com o impasse do teto da dívida quase resolvido nos Estados Unidos, o foco do mercado passa a ser o impacto de mais endividamento.

A preocupação é de que o Tesouro americano em breve vai refazer seu caixa com vendas de mais de US$ 1 trilhão de notas de curto prazo, as chamadas T-Bills, até o final do terceiro trimestre. O caixa do governo está em US$ 39 bilhões, o menor nível desde 2017.

É provável que essa enxurrada de notas sugue um volume significativo de liquidez dos mercados financeiros. Isso pode aumentar a pressão sobre um sistema que ainda mostra sinais de tensão depois que vários bancos quebraram, em meio a aumentos de juros e aperto quantitativo do Federal Reserve.

Com o Tesouro americano competindo com os bancos por dinheiro, a captação pode ficar mais cara para os credores e, por consequência, elevar o custo de financiamento para empresas e famílias.

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Analistas do Bank of America (BAC) estimam que isso teria o mesmo impacto econômico de uma alta de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros dos EUA. O mercado já espera que o Fed implemente um aumento dessa magnitude até julho.

Os rendimentos das T-Bills, que saltaram com o impasse do teto da dívida, podem recuar com o alívio de um acordo, mas a queda deve ser limitada à medida que os investidores ainda avaliam o impacto do maior endividamento.

“Os yields cairão de seus picos, mas como o Tesouro aumentará as emissões, há um piso para os yields nesse mercado”, disse Kevin Flanagan, chefe de estratégia de renda fixa da Wisdomtree.

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Há também a possibilidade de que isso estimulará mais saques dos bancos, que relutam em aumentar os rendimentos dos depósitos a prazo, e um fluxo maior para fundos do mercado monetário que investem diretamente em notas de curto prazo, com rendimentos mais altos.

“Se um monte de T-Bills rentáveis estão prestes a serem emitidas, isso arrisca sugar a liquidez de outros ativos e drenar ainda mais os depósitos dos bancos”, disse Amy Xie Patrick, chefe de estratégias de investimento do Pendal Group, em Sydney.

-- Com a colaboração de Garfield Reynolds.

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