Barcelona, Espanha — A semana abre com as incertezas ainda presentes em torno do pagamento da dívida dos Estados Unidos e o rumo de sua política monetária. Indicadores macroeconômicos e discursos de membros do Federal Reserve (Fed) apontam para a pressão ainda persistente dos preços. Ao mesmo tempo, os operadores acompanham o que resta da temporada de balanços e se preparam para os dados de atividade nos EUA.
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Os futuros de índices dos Estados Unidos subiam, assim como as bolsas na Europa. Entre os índices asiáticos, o fechamento também foi positivo, com destaque para o Nikkei, após recomendação positiva para o mercado feito pelo Goldman Sachs.
O Banco Central da China ampliou a oferta de liquidez pelo sexto mês consecutivo, com linhas de crédito de US$18 bilhões. Também manteve inalterada a taxa de 2,75% ao ano pelo nono mês seguido, como forma de estimular a economia, que continua dando sinais erráticos de recuperação.
Na Europa, ações com exposição a ativos da Turquia recuavam, enquanto as eleições no país apontam para um segundo turno, colocando em dúvida a permanência de duas décadas de Recep Tayyip Erdogan no poder.
Um Relatório da Comissão Europeia divulgado hoje apontou para o aumento da perspectiva para a inflação ao consumidor para 5,8% este ano e 2,8% em 2024 e alertou sobre “desafios persistentes”, apesar de reconhecer a resiliência da economia da região, com melhora nas previsões de expansão econômica. Além disso, pesquisa mais recente da Bloomberg feita com investidores na Europa entre os dias 5 e 11 de maio indica que o Banco Central Europeu manterá os juros em seu pico por mais tempo do que se pensava, pelo menos até o segundo trimestre de 2024.
No mercado de dívida, o prêmio do título norte-americano para 10 anos subia para 3,472% às 5h58 (horário de Brasília). O dólar se depreciava ante outras divisas, enquanto a libra e o euro se apreciavam. O bitcoin avançava quase 2% e os contratos de ouro e de petróleo WTI também subiam.
→ O que move os mercados hoje
💲 Teto em discussão. O presidente Joe Biden deve se reunir amanhã com o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, e outros parlamentares para seguir com as conversas para ampliar o teto da dívida do país e evitar um calote do governo dos EUA. Ele não falou sobre os termos da negociação, mas disse acreditar que um acordo pode ser alcançado. A secretária do Tesouro, Janet Yellen, alertou que o departamento pode ficar sem dinheiro a partir de 1º de junho.
👑 Aquisição de peso. A Newmont (NEM)fechou um acordo de US$ 19,2 bilhões para adquirir sua rival australiana Newcrest e dominar a mineração de ouro. Trata-se do maior negócio do setor de mineração de ouro até o momento e consolida a posição da maior produtora mundial de ouro, com minas nas Américas, África, Austrália e Papua Nova Guiné.
🗣️ Discursos em destaque. Para o presidente do Fed de Chicago, a inflação ainda está muito alta e o Fed está buscando um equilíbrio que evite a recessão. Outros integrantes do banco central, como Michelle Bowman, acreditam que o Fed provavelmente precisará aumentar ainda mais os juros se as pressões não esfriarem. Hoje estão programados para falar Neel Kashkari, Lisa Cook e Raphael Bostic.
⛩️ Apostas no Japão. O mercado acionário japonês ganhou mais impulso após estrategistas do Goldman Sachs (GS) indicarem fundamentos positivos como a recuperação interna, planos robustos para gastos de capital e uma esperada flexibilização monetária por parte do Banco do Japão, além de as empresas estarem anunciando lucros sólidos. No mês passado, Warren Buffett já tinha indicado sua confiança nesse mercado, com aumento de posições compradas.
♟️ Confiança em xeque. As ações do conglomerado Adani Group recuam em meio a temores no mercado de uma diluição das ações ante o plano aprovado de duas empresas do grupo, a Adani Entreprises e a Adani Transmission, de levantar até US$ 2,6 bilhões.
🛫 De olho em aquisições. Perto de um acordo para adquirir uma fatia inicial de 40% na italiana ITA, a Lufthansa sinaliza que está com força para adquirir outras companhias aéreas e consolidar sua posição no mercado com a recuperação do setor após a pandemia.

🟢 As bolsas na sexta-feira (12/05): Dow Jones Industrials (-0,03%), S&P 500 (-0,16%), Nasdaq Composite (-0,35%), Stoxx 600 (+0,40%), Ibovespa (+0,19%)
A perspectiva de inflação resiliente, o risco de default e o aumento da percepção de que pode haver mais um aumento de juros nos EUA levou a mais um fechamento negativo em Wall Street.
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Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• EUA: Índice Empire State de Atividade Industrial/Mai, Fluxo Líquido de Capital/Mar)
• Europa: Zona do Euro (Produção Industrial/Mar, Projeções Econômicas, Total de Ativos de Reserva/Abr, Encontro do Eurogrupo); Alemanha (Índice de Preços por Atacado/Abr)
• Ásia: China (Produção Industrial/Abr, Vendas no Varejo/Abr, Taxa de Desemprego/Abr, Investimento em Ativos Fixos/Abr, Investimento Estrangeiro Direto); Japão (IPP)
• Bancos centrais: Discursos de Discurso de Neel Kashkari, Lisa Cook e Raphael Bostic (Fed), Huw Pill(BoE), Joachim Nagel (Bundesbank)
• Balanços: Bridgestone, Sumitomo Mitsui, Mitsubishi, Siemens Energy, Porsche, Banco do Brasil, Nubank, XP
🗓️ Os eventos de destaque na semana →
(Com informações da Bloomberg News)
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