Disney expõe desafio do streaming ao prever perda maior; ação cai 9%

Perdas financeiras com o serviço de filmes e séries online devem crescer em US$ 100 milhões neste trimestre; número de assinantes caiu após aumento dos preços

O segmento que inclui o principal serviço de streaming teve prejuízo de US$ 659 milhões no trimestre encerrado em 1º de abril
Por Thomas Buckley
11 de Maio, 2023 | 10:55 AM

Bloomberg — As ações da Walt Disney (DIS) caíram 8,73% nesta quinta-feira (11) depois que a empresa de entretenimento registrou queda no número de assinantes em seu serviço de streaming no primeiro trimestre e previu um prejuízo ainda maior no negócio neste período atual.

As perdas com o streaming aumentarão em US$ 100 milhões devido à mudança nos custos de marketing, disse a diretora financeira Christine McCarthy em uma teleconferência com analistas.

O segmento direto ao consumidor da Disney, que inclui o principal serviço de streaming Disney+, teve prejuízo de US$ 659 milhões no segundo trimestre fiscal, encerrado em 1º de abril, disse a empresa. Isso foi significativamente menor do que os US$ 850,3 milhões projetados pelos analistas e menos da metade do que era apenas dois trimestres atrás.

Mas a previsão de aumento das perdas neste trimestre, que McCarthy caracterizou como um “pequeno revés”, reverte parte do progresso que a Disney fez para obter lucratividade em seus negócios de streaming.

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A empresa, ao mesmo tempo, teve um declínio acentuado em seu negócio tradicional de TV, que inclui as emissoras ABC e ESPN.

Para melhorar o desempenho financeiro de seu negócio de streaming, a empresa introduziu uma nova modalidade de assinatura com anúncios para o Disney+ em dezembro e aumentou o preço da versão sem anúncios em 38%, para US$ 11 por mês.

Embora tenha aumentado a receita, a mudança pareceu custar aos clientes da empresa: as assinaturas pagas do Disney+ caíram para 157,8 milhões. Analistas esperavam 163,1 milhões. É o segundo trimestre consecutivo que o Disney+ perde assinantes.

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Número de assinantes do Disney+dfd

O CEO, Bob Iger, disse na teleconferência com analistas que a empresa com sede em Burbank, Califórnia, planeja aumentar o preço do serviço Disney+ sem anúncios novamente este ano.

A Disney também removerá filmes e programas de TV do catálogo de seus serviços para reduzir custos, levando a uma economia de até US$ 1,8 bilhão.

Iger planeja combinar o conteúdo do Hulu e Disney+ em um único aplicativo ainda este ano. A mudança sugere que a empresa acabará comprando a participação de um terço da Comcast no Hulu.

As duas empresas têm um acordo para que a Disney compre essa participação a partir do ano que vem, em um acordo que avalia o Hulu em um mínimo de US$ 27,5 bilhões. As assinaturas do Hulu ficaram estáveis no segundo trimestre.

A Comcast e a Disney mantiveram conversas “cordiais”, disse Iger.

A visão de Wall Street sobre a indústria de streaming de TV mudou no ano passado, com os investidores agora focados mais na lucratividade do que no crescimento de assinantes. Os problemas da Disney com o streaming aumentaram sob o comando do ex-CEO Bob Chapek, demitido em novembro depois que a empresa relatou um prejuízo trimestral de quase US$ 1,5 bilhão.

A receita total da Disney aumentou 13%, para US$ 21,8 bilhões, no período encerrado em 1º de abril, impulsionada pelo forte desempenho dos parques temáticos da empresa. O lucro ajustado de 93 centavos por ação diminuiu em relação ao mesmo período do ano passado.

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A unidade de resorts e produtos de consumo da empresa aumentou a receita em 23%, para US$ 2,17 bilhões, em parte devido ao retorno à lucratividade dos parques temáticos internacionais.

O lucro do negócio tradicional de TV da Disney, incluindo as redes de TV a cabo ESPN e o negócio de transmissão da ABC, caiu 35%, para US$ 1,83 bilhão, resultado de maiores custos de programação esportiva e menor publicidade.

Na semana passada, a Warner Bros Discovery e a Paramount Global relataram quedas significativas na receita de publicidade na TV.

Sob Iger, a Disney reformulou sua estrutura criando três unidades de relatórios: entretenimento, parques e ESPN, que inclui a rede de esportes e o serviço de streaming ESPN+.

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Como parte de um plano para melhorar a situação financeira da Disney, Iger está cortando US$ 5,5 bilhões em custos anuais e eliminando 7.000 empregos da força de trabalho da gigante do entretenimento.

O recente corte de custos levou à saída do chefe de streaming, Michael Paull, e da maioria das equipes de produtos e tecnologia que supervisionaram o lançamento bem-sucedido do Disney+ em 2019.

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