Airbnb surpreende em ganhos, mas ações afundam com previsão menos otimista

Empresa avalia que a disposição dos consumidores para gastos com viagem começa a esmorecer devido à inflação e as incertezas econômicas

Ações caem mais de 10% em Nova York nesta quarta-feira (10)
Por Diana Li
10 de Maio, 2023 | 10:57 AM

Bloomberg — As ações do Airbnb (ABNB) passaram a cair dois dígitos nesta quarta-feira (10), depois que a empresa fez uma previsão cautelosa para a receita do segundo trimestre, sugerindo que o aumento dos preços e uma perspectiva econômica incerta estão começando a pesar sobre a disposição dos consumidores para gastar com viagens.

A empresa de compartilhamento de residências com sede em São Francisco espera uma receita de US$ 2,35 bilhões a US$ 2,45 bilhões nos três meses encerrados em junho, o que representa um aumento de 12% a 16% em relação ao mesmo trimestre de 2022 e a taxa de expansão mais baixa até o momento.

Os analistas estavam projetando US$ 2,4 bilhões, de acordo com uma pesquisa da Bloomberg. O Airbnb disse ainda que espera que o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), excluindo alguns custos, seja semelhante ao do segundo trimestre do ano passado.

A previsão menos favorável foi seguida de um trimestre de recordes em vários indicadores. A receita da empresa nos três primeiros meses aumentou 20%, para US$ 1,82 bilhão, o maior valor já registrado pelo Airbnb nesse período, e acima da previsão de US$ 1,79 bilhão.

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O lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização foi de US$ 262 milhões, também acima das estimativas e um número recorde para o período. O lucro por ação foi de US$ 0,18, em comparação com a previsão média de US$ 0,17. A empresa também anunciou um novo programa de recompra de ações no valor de até US$ 2,5 bilhões.

Às 10h55 (horário de Brasília), as ações da empresa caíam 12% em Nova York, após acumularem alta de quase 50% no ano até o fechamento de terça-feira (9).

Impulso da pandemia

Os negócios da empresa foram muito beneficiados nos últimos anos pelas mudanças geradas pela pandemia, que alterou a dinâmica de trabalho e estilo de vida.

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No entanto, a demanda frenética por viagens após a era de covid-19 está perdendo força. Alguns consumidores estão controlando o orçamento para lazer tendo em vista não só a inflação persistente, mas também a instabilidade econômica.

Segundo a empresa, o número de noites e experiências reservadas neste trimestre parece ser menos favorável do que o registrado um ano antes, quando a demanda por viagens havia crescido. Em consequência, o Airbnb avalia que o crescimento do volume de noites e experiências nesta base comparativa deverá ter um ritmo menor de crescimento do que a receita no período.

De acordo com o Airbnb, as tarifas diárias médias no primeiro trimestre, de US$ 168, mantiveram-se aproximadamente no nível elevado verificado um ano antes. A alta dos preços foi compensada pelo impacto do câmbio, pela disposição das pessoas em pagar e por uma mudança nas reservas para aluguéis urbanos e outros tipos.

Mas o Airbnb prevê taxas diárias “ligeiramente mais baixas” no segundo trimestre, em parte devido às novas ferramentas de preços para anfitriões introduzidas na semana passada e à mudança para aluguéis mais urbanos.

De um modo geral, empresas como companhias aéreas e hotéis têm repassado o aumento de custo para os preços, tendo em vista a sustentação da demanda, mas os consumidores podem estar começando a chegar ao limite. Os gastos com consumo pessoal aumentaram 3,7% nos primeiros três meses deste ano – o maior aumento em quase dois anos.

A incerteza sobre o futuro gerada por quebras no setor bancário, inflação persistentemente alta, aumento de taxas de juros e um mercado de trabalho em desaceleração, sobretudo em setores de alta renda, como o de tecnologia, podem levar os turistas a reduzirem seus gastos.

O CEO Brian Chesky disse em uma entrevista na semana passada que a forte demanda que ele espera para este verão (no hemisfério norte) poderia ser ainda melhor se não fosse a incerteza econômica. Os preços das companhias aéreas ainda estão caros, observou ele, e “quando o custo dos voos aumenta, isso afeta nossos negócios”.

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Preços

Em teleconferência com investidores para falar sobre os resultados trimestrais, Chesky disse que a acessibilidade de preços é a principal prioridade do Airbnb. Ele disse que a expectativa é de que a oferta substancial na plataforma ajude a aliviar as pressões sobre os preços.

O Airbnb vem tomando medidas para evitar a explosão dos valores dos aluguéis. A empresa lançou mais de 50 novos recursos e atualizações, em parte para aumentar a transparência e a acessibilidade dos preços.

Em um esforço para garantir que a plataforma tenha lugares para se hospedar a preços razoáveis, a empresa lançou o “Airbnb Rooms” com uma tarifa média de US$ 67 por noite. Os hóspedes ficam em casas com anfitriões e compartilham espaços comuns, como salas de estar, cozinhas e quintais.

O Airbnb também está implementando uma série de mudanças, incluindo taxas mais baixas, acrescentando a possibilidade de pagamento parcelado por meio de uma nova parceria com o Klarna Bank AB e uma nova ferramenta de descontos para que os anfitriões ofereçam as melhores ofertas.

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Concorrência

Os resultados do Airbnb seguem os balanços robustos e os comentários otimistas de seus colegas do setor de viagens online. O Booking (BKNG) e a Expedia (EXPE) registraram aumentos de dois dígitos nas reservas brutas no primeiro trimestre.

O Booking, cujas propriedades incluem a plataforma de reservas de restaurantes OpenTable e o site de voos com desconto Priceline, disse que as reservas atingiram os “níveis trimestrais mais altos de todos os tempos”.

O CEO da Expedia, Peter Kern, disse que houve “uma mudança estrutural na forma como os consumidores estão pensando em gastar e as viagens estão no topo da lista”.

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