Crise bancária mal começou e Fomc deveria fazer pausa no aperto, diz ex-Fed

Em entrevista à Bloomberg TV, Robert Kaplan, ex-presidente do Fed Bank de Dallas, disse que consequências de aperto de crédito estão por vir

Robert Kaplan, ex-presidente do Federal Reserve Bank de Dallas
Por Abhishek Vishnoi
03 de Maio, 2023 | 11:51 AM

Bloomberg — A crise dos bancos regionais nos Estados Unidos está longe de ter terminado, e o Federal Reserve deveria fazer uma pausa em sua campanha de aperto monetário, segundo o ex-presidente do Federal Reserve Bank de Dallas, Robert Kaplan.

“Eu preferiria fazer o que é chamado de pausa hawkish – não aumentar, mas sinalizar que estamos em um viés de aperto – porque na verdade acho que a situação bancária pode muito bem ser mais séria do que nos damos conta atualmente”, disse Kaplan, que também foi executivo sênior do Goldman Sachs (GS), em entrevista à Bloomberg TV.

Kaplan disse que a queda das ações de bancos americanos por enquanto reflete apenas as perdas com títulos do Tesouro americano dos credores, mas as consequências de um aperto de crédito, que “normalmente é mais sério”, ainda estão por vir.

O aperto monetário do Fed desencadeou uma forte queda nos preços dos Treasuries no ano passado, para garantir rendimentos mais altos para quem comprava, e isso acarretou grandes perdas para os bancos que já detinham os títulos em carteira.

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Apenas um dia depois de Wall Street ter dado um suspiro de alívio com o resgate do First Republic Bank pelo JPMorgan (JPM), uma queda nas ações dos bancos regionais alimentou novas preocupações com a estabilidade financeira na véspera da decisão de juros desta quarta-feira (3).

As ações do PacWest Bancorp despencaram 28% na terça, e as do Western Alliance Bancorp afundaram 15%.

O swaps de juros nos EUA sinalizam que o Fed elevará o custo do dinheiro em 0,25 ponto percentual, para o nível mais alto desde 2007, e que a desaceleração econômica levará a um corte no final do ano. Mas para Kaplan, uma virada tão cedo seria arriscada.

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“É mais importante conseguir sustentar a taxa atual por um longo período de tempo, mais do que o mercado pensa, do que subir mais 25 ou 50 pontos-base e correr o risco de ter que cortar novamente”, disse Kaplan, que deixou o Fed em 2021 após divulgações sobre seus investimentos que atraíram críticas por possíveis conflitos de interesse.

Para combater a inflação, os EUA precisam de prudência fiscal e ações fora da alçada do Federal Reserve, “então é melhor eu parar por aqui”, disse.

-- Com a colaboração de Kathleen Hays, Shery Ahn e Haidi Lun.

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