Credit Suisse enfrentaria colapso sem acordo com UBS, diz Banco Nacional Suíço

Para vice-presidente da autoridade monetária, crise financeira teria ‘muito provavelmente’ acontecido se o governo não tivesse mediado a compra

Banco foi comprado pelo rival UBS no mês passado
Por Bastian Benrath
04 de Abril, 2023 | 11:31 AM
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Bloomberg — O Credit Suisse (CS) enfrentaria um colapso iminente se não tivesse sido vendido para o UBS Group (UBS) em um resgate de emergência no mês passado, segundo o banco central da Suíça.

Sem a aquisição mediada pelo governo, é “muito, muito provável que uma crise financeira na Suíça e no mundo teria acontecido”, disse o vice-presidente do Banco Nacional Suíço, Martin Schlegel, à emissora SRF em uma entrevista que foi ao ar na segunda-feira (3). O Credit Suisse “teria quebrado”.

Os comentários destacam a situação dramática para o credor suíço antes de fechar o acordo de 3 bilhões de francos (US$ 3,3 bilhões) no mês passado, quando os mercados globais já estavam frágeis por causa do colapso do Silicon Valley Bank (conhecido como SVB) nos Estados Unidos.

Nesta terça-feira (4), investidores se reúnem para a reunião geral anual do Credit Suisse. Acionistas e procuradores indicaram que podem votar contra a reeleição de vários conselheiros.

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O acordo foi fechado sem a aprovação dos acionistas do Credit Suisse e do UBS, ressaltando a urgência da situação. A ministra das Finanças, Karin Keller-Sutter, disse anteriormente que o Credit Suisse não teria durado mais um dia sem o resgate.

Com a fusão acordada – “a melhor entre as más soluções” – as preocupações com a estabilidade financeira não impedirão o banco central suíço de aumentar as taxas de juros, disse Schlegel.

O BC suíço vem apertando as condições monetárias desde junho passado e impulsionou uma alta de 50 pontos base em março. O objetivo é manter o crescimento dos preços entre 0 e 2%.

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“Nosso mandato é a estabilidade de preços. Faremos de tudo para que a inflação volte para a nossa meta. E não vemos sinais de que a estabilidade financeira na Suíça esteja ameaçada de alguma forma”, disse Schlegel. “Se necessário, vamos aumentar as taxas de juros novamente.”

Uma desaceleração da inflação maior do que o esperado em março, revelada por dados na segunda, dá ao BC suíço a oportunidade de respirar, de acordo com os economistas.

Os observadores ainda esperam um aumento adicional de 25 pontos base na próxima reunião agendada para junho, mas possivelmente nenhum outro passo. Os preços ao consumidor suíço cresceram 2,9% no mês passado — o ritmo mais lento da Europa.

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