MWC: Feira mostra como a tecnologia pode criar experiências sensoriais

Reportagem da ‘Bloomberg Línea’ esteve no Mobile World Congress e experimentou um conjunto de eletrônicos que usam a realidade aumentada e o metaverso para estimular os cinco sentidos

Indústria da conectividade móvel se prepara para galgar mais um degrau e oferecer experiências imersivas que exploram os cinco sentidos
03 de Março, 2023 | 03:13 PM

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Bloomberg Línea, Barcelona, Espanha — A internet pode ser um canal pelo qual viajam as nossas emoções? A edição de 2023 do Mobile World Congress (MWC), a maior feira de telecomunicações do mundo e realizada em Barcelona entre os dias 27 de fevereiro e 2 de março, buscou transmitir a mensagem de que a rede não é um meio estritamente industrial para a troca de informações e dados, mas também pode se tornar um fio condutor de sensações.

Durante o evento, uma organização que promove a inovação e empreendedorismo digital, chamada Mobile World Capital Barcelona, preparou uma demonstração, com o uso de diferentes dispositivos eletrônicos, de como a tecnologia pode ser usada para criar experiências imersivas provocando sensações reais, em uma mistura entre o mundo físico e virtual.

O objetivo era mostrar o potencial dessas experiências para gerar novas oportunidades de negócios para a indústria de conectividade móvel, com um impacto em áreas como medicina, educação e lazer.

Cada uma das experiências buscou estimular um dos cinco sentidos (olfato, paladar, visão, audição e tato), utilizando tecnologias como a realidade aumentada, a inteligência artificial e o metaverso. A reportagem da Bloomberg Línea esteve no local e experimentou essa demonstração para conhecer como é usar os cinco sentidos no mundo digital. Veja como foi cada uma delas:

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Smell the Technology: o sentido do olfato

O percurso começa com a geração de um avatar com técnicas de reconhecimento facial que identificam as feições do usuário. A representação gráfica acompanhará o usuário por lugares emblemáticos de Barcelona.

Um dispositivo com tela se vincula com o metaverso como um videogame. Quando o avatar chega aos pontos de referência, diferentes aromas são liberados por meio deste dispositivo, todos desenvolvidos pelo perfumista catalão Puig e associados a cada local da cidade, como o Parc Güell (cheiro de flores), a igreja de Santa Maria del Mar (uma combinação de pedras e incenso), La Rambla (aromas de uma floricultura) e o Camp Nou (grama recém regada e couro).

Um sistema de inteligência artificial cria o perfil olfativo do visitante, que é armazenado em sua identificação digital e sugere um sabor para a próxima etapa da viagem virtual do visitante.

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Experiência olfativa que combina tecnologiasdfd

Taste the Technology: o sentido do paladar

A parte do paladar envolve degustar um bombom de chocolate criado pelo Celler de Can Roca, o restaurante catalão de três estrelas Michelin eleito duas vezes o melhor do mundo.

De acordo com o perfil olfativo criado na experiência do olfato, o usuário é orientado a escolher entre os sabores ácido, doce e picante. A partir de então, com uma mistura de realidade virtual e aumentada, o visitante encontra uma explosão de sabores e sensações geradas por imagens e interações entre o mundo físico e digital. É possível brincar com as imagens e os raios de cores aleatórios que aparecem nos óculos, como se você fosse um maestro conduzindo uma orquestra de luzes e formas.

“As novas tecnologias nos permitem viver uma experiência que vai além do sabor em si. A experiência apresentada no MWC nos mostra como poderia ser a gastronomia no futuro, e como podemos evoluir para a internet dos sentidos”, explica Francesc Fajula, CEO da Mobile World Capital Barcelona, organização com apoio público e privado com foco em acelerar a inovação por meio do empreendedorismo digital, a responsável por organizar as demonstrações.

Tecnologia visa potencializar o paladardfd

Touch the Technology: o sentido do tato

A experiência do tato busca recriar a abertura dos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992, evento foi um marco na história recente da cidade espanhola.

Nesta etapa, o visitante reproduz o que o arqueiro madrilenho Antonio Rebollo fez há 31 anos: acender a tocha olímpica. A imersão física ocorre por meio de mangas que transmitem impulsos elétricos para os músculos do corpo. O usuário sente o peso do arco e a tensão da corda e, com o óculos de realidade virtual, obtém uma visão de 360 graus do Estádio Olímpico.

A empresa Owo, de Málaga, é a artífice do sistema háptico, ou seja, a tecnologia tátil que simula as sensações que se encontram no âmbito digital. José Fuertes Peña, fundador da empresa, está fechando um acordo com uma grande empresa de videogames para oferecer ao usuário “a experiência das sensações”. Além de jogos, a Owo também visa setores como cinema, streaming, comunicação e até mesmo treinamentos, como os militares.

Impulsos elétricos nos músculos geram sensação de peso e tensão de arco e flecha em experiência imersivadfd

See the Technology: o sentido da visão

A experiência da visão é com um óculos de realidade virtual. Um aplicativo ligado a ele simula o entorno da Sagrada Família, obra do arquiteto catalão Antoni Gaudí. Por meio de uma série de comandos ativados pelo visitante, é possível ver fogos de artifício e até mesmo escolher o estilo e a intensidade da pirotecnia.

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A empresa por trás da tecnologia, a Nubii, pretende trazer os óculos para o mundo do treinamento para médicos, da educação e também da gestão de frotas.

Hear the Technology: o sentido da audição

A última estação é a da audição, com uma experiência musical na arena de eventos Palau de Sant Jordi: um show da banda de indie pop espanhola IZAL pode ser visto em 360 graus por meio de óculos de realidade virtual.

Para enriquecer a experiência imersiva e torná-la mais sensorial, foram acrescentados elementos como cheiro de cerveja, com a participação da fabricante Damm.

As primeiras tentativas de integrar olfato, paladar, visão e tato ainda têm um longo caminho a percorrer, mas já mostram como podem revolucionar o uso da conectividade pelas pessoas e o modelo de negócios das empresas.

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Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.