Gigantes das telecomunicações se aliam para abrir redes a desenvolvedores

Com a iniciativa, anunciada no Mobile World Congress, o setor se prepara para a nova era dos serviços digitais e aplicações móveis

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Bloomberg Línea - Barcelona, Espanha — Após anos de debate, as grandes empresas de telecomunicações do mundo chegaram a um acordo para permitir o acesso universal dos desenvolvedores às redes das operadoras para que possam criar novos serviços e aplicações.

Durante o Mobile World Congress em Barcelona (MWC), a GSMA, associação que reúne as operadoras móveis e empresas relacionadas, anunciou uma ampla iniciativa chamada GSMA Open Gateway, que pretende ser um marco universal para interfaces de programação de aplicações de rede (APIs).

Na visão das empresas, o acordo não só abrirá novas formas de monetizar sua infraestrutura de rede, como será crucial para o desenvolvimento do novo ecossistema digital.

Para impulsionar a nova chamada Web3 (redes descentralizadas) e as experiências com tecnologias imersivas, os especialistas defendem que as redes devem ser abertas para que qualquer desenvolvedor possa programá-las em tempo real, sob demanda e com uma única linha de código.

Com esta medida, além da implantação de redes de baixa latência (que é o tempo de resposta da rede) e alta largura de banda (Wi-Fi 6 e Wi-Fi 7, 5G Standalone, por exemplo), as barreiras que impedem que tecnologias como o metaverso sejam uma realidade no dia a dia das pessoas deixarão de existir, como explicou o Chief Digital Officer do Grupo Telefónica, Chema Alonso, em entrevista publicada pela Bloomberg Línea.

A iniciativa representa uma mudança de paradigma na forma como a indústria de telecomunicações desenha e presta serviços em um mundo de economia API, explicou a GSMA. Lançado com o respaldo das 21 principais operadoras de redes móveis do mundo, incluindo América Móvil (dona da Claro), AT&T, China Mobile, Deutsche Telekom, Vodafone e Telefónica (dona da Vivo), o acordo também conta com o apoio de grupos como Ericsson e Microsoft.

“Ao aplicar o conceito de interconexão para operadoras à economia de API, os desenvolvedores podem usar a tecnologia em serviços como identidade, cibersegurança ou faturamento, mas com potencial para se integrar com qualquer operadora no mundo. Esta é uma mudança profunda na forma de pensar e entregar os serviços”, disse Mats Granryd, CEO da GSMA, neste que é o maior congresso mundial de conectividade móvel.

Durante o MWC em Barcelona, foram realizadas demonstrações em torno de APIs abertas, incluindo um concerto de música, uma jam session ao vivo com músicos de todo o mundo, além de uma demonstração de jogos imersivos e vídeo HD da Orange, Telefonica, Vodafone e Ericsson/Vonage com base na API Quality on Demand (QoD). “Para levar a cabo estas operações, você precisa de uma latência muito baixa no link de comunicação”, disse Henry Calvert, diretor de redes da GSMA.

José María Álvarez-Pallete López, presidente da Telefónica e do conselho da GSMA, disse que o GSMA Open Gateway abrirá pontos de acesso às redes de banda ultralarga das operadoras (inicialmente serão abertos oito APIs de rede universal) e funcionará como um catalisador para tecnologias imersivas e Web3, dando-lhes a capacidade de chegar a todo seu potencial técnico e de alcançar massa crítica. “A colaboração entre operadoras de telecomunicações e provedores de serviços em nuvem é crucial neste novo ecossistema digital”, disse o executivo da empresa espanhola.

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