Inflação na Argentina acelera e chega a 99% em 12 meses em janeiro

Índice ao consumidor ganha força apesar de medidas do governo como controle de preços, câmbio sobrevalorizado e altos custos de empréstimos

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Bloomberg — A inflação argentina acelerou mais do que o esperado em janeiro, uma vez que os controles de preços se mostraram ineficazes, complicando ainda mais a estratégia do governo antes das eleições presidenciais deste ano.

Os preços ao consumidor subiram 98,8% em relação ao ano anterior, pouco mais do que a média de 98,6% prevista pelos economistas em uma pesquisa da Bloomberg. As taxas de juros estão em 75% ao ano.

Os preços subiram 6% em relação a dezembro, o segundo mês consecutivo de aumentos mais acentuados, segundo dados do governo publicados nesta terça-feira (14).

Custos mais altos de recreação, moradia e comunicação impulsionaram aumentos mensais em janeiro. Os aumentos nos preços dos alimentos, a categoria com maior peso no índice, também ficaram acima da inflação.

Embora a inflação seja um problema perene na Argentina, ela agora atingiu uma das taxas mais altas do mundo, enquanto o governo de esquerda do presidente Alberto Fernandez luta para construir um plano econômico confiável.

Com as eleições presidenciais em outubro, anos de impressão de dinheiro para financiar os gastos do governo estão se mostrando particularmente caros, além dos preços mais altos da energia após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

A estratégia não convencional de Fernandez para conter a inflação – uma mistura de congelamento de preços, controles cambiais, taxas de câmbio múltiplas e altos custos de empréstimos – falhou em diminuir os aumentos do custo de vida e as expectativas futuras. Os economistas prevêem que a inflação anual termine este ano em 98%.

Na segunda-feira (13), o ministro da Economia, Sergio Massa, lançou novos controles de preços para a carne bovina e disse que está preparando mais medidas para conter o aumento do custo de vida. Fernandez está organizando uma mesa-redonda eleitoral com líderes de sua coalizão na quinta-feira (16) para definir sua estratégia de campanha.

O que a Bloomberg Economics diz

“A inflação continua aquecida e generalizada, e as atuais medidas – baixas taxas de juros reais, controle de preços e uma moeda supervalorizada – não estão funcionando para domar as pressões de preços. Esperamos que a inflação fique em torno de 100% durante a maior parte do ano.”

Adriana Dupita, economista do Brasil e Argentina

- Com a colaboração de Rafael Gayol.

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