Bloomberg Línea — Prévia da inflação oficial do país, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) teve alta de 0,52% em dezembro, praticamente em linha com o esperado pelo mercado financeiro. Os dados foram divulgados na manhã desta sexta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta em dezembro. Transportes (0,85%) e Alimentação e bebidas (0,69%) foram responsáveis pelo maior impacto no mês, segundo o IBGE. Os preços de Vestuário, por sua vez, apresentaram a maior variação no ano, com 18,39%.
No ano fechado de 2022, a alta foi de 5,90%, abaixo dos 10,42% registrados no acumulado de 2021, muito em razão do corte de impostos promovido pelo governo no meio do ano. Economistas consultados pela Bloomberg News estimavam alta de 0,54% na base mensal. Em novembro, a alta havia sido de 0,53%.
Investidores têm monitorado de perto os dados de inflação para avaliar os próximos passos da política monetária do Banco Central e após revisões para cima nas projeções para o IPCA e na Selic em 2023. A taxa básica de juros, a Selic, está em 13,75% ao ano desde agosto.
O relatório Focus, do Banco Central, mais recente aponta para alta de 5,76% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano e de 5,17% em 2023.
Na avaliação de Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs, a dinâmica da inflação ainda é desafiadora, “dadas as pressões ainda disseminadas sobre a inflação básica e de serviços em um cenário de aperto no mercado de trabalho, a expectativa de deterioração do mix de políticas macro e micro e uma grande expansão fiscal em 2023″.
“O cenário desafiador de inflação atual e a sinalização hawkish dos principais bancos centrais garantem uma calibração conservadora da política monetária por um período de tempo razoável”. escreve Ramos em relatório.
Na XP, a economista Tatiana Nogueira afirma que os dados divulgados nesta sexta permitem uma expectativa baixista para a inflação fechada de dezembro. A casa estimava alta de 0,57% do IPCA para este mês, projeção que deverá cair para 0,45%, segundo ela, embora ainda não seja a revisão final do número.
“O ano deve encerrar com uma inflação um pouco mais baixa do que o mercado e o Focus previam, mas Serviços de médio prazo persistem. Esse cenário não se alterou e deve vir em 2023, e especialmente em 2024 com elevação dos gastos públicos. Com mais gastos, podemos ver em um primeiro momento uma demanda agregada mais forte que pressiona a inflação, mas também por outros canais, ativos de risco, expectativas e juros reais neutros”, escreve, em nota.
Alimentos lideram alta no ano
No acumulado de 2022, o grupo Alimentação e Bebidas foi o de maior impacto no índice de preços, com alta de 11,96% (2,47 p.p.). O grupo foi pressionado principalmente pelo avanço nos preços da cebola (26,18%) e do tomate (19,73%). Nos últimos três meses, as variações acumuladas desses dois produtos foram de 52,74% e 49,84%, respectivamente, de acordo com o IBGE.
Ocupando o segundo lugar no ranking dos maiores impactos no ano, contribuindo com 1,38 p.p., esteve o grupo Saúde e cuidados pessoais (0,40%), que apresentaram uma desaceleração em dezembro causada, em grande parte, pelos itens de higiene pessoal, que passaram de alta de 1,76%, em novembro, para 0,04% em dezembro.
Já o grupo Vestuário foi o responsável pelo terceiro maior impacto no ano (0,78 p.p.), apresentando alta em todos os itens pesquisados. As maiores contribuições vieram das roupas femininas (1,54%) e masculinas (1,47%).
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